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08/03/2017 às 08:31, Atualizado em 08/03/2017 às 09:28

Trabalhadores em educação de MS entram em Greve a partir do dia 15 de março

A ação faz parte da Greve Nacional da CNTE e foi deliberada em Assembleia Geral da FETEMS.

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Divulgação

A FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), comemorou 38 anos no último dia 3 de março e em alusão a data promoveu uma grande atividade, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande, nesta terça-feira (7). No intuito de debater a fundo as reformas propostas pelo Governo Federal, com foco na da Previdência, que segue a passos largos no Congresso Nacional.

Na parte da manhã mais de mil e duzentos trabalhadores em educação, estudantes das escolas públicas, representantes de outras categorias trabalhistas, ativistas dos movimentos sociais e sindicais, participaram de um grande seminário com o professor e sociólogo, Emir Sader e aluna paranaense símbolo das ocupações brasileiras, Ana Júlia Ribeiro. Em pauta a importância da organização do Movimento Estudantil nas escolas públicas e uma análise de conjuntura sobre o momento atual. Já no início da tarde, a partir das 14h, os trabalhadores em educação realizaram uma grande Assembleia Geral, ampliando o debate sobre a Reforma da Previdência e deliberando sobre a participação da categoria na Greve Geral, que está sendo convocada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), a partir do dia 15 de março.

Ao final da Assembleia, após um amplo debate, os delegados votaram por unanimidade em adesão à Greve. O objetivo da mobilização é protestar contra o projeto, que pode pôr fim às aposentadorias especiais dos professores e igualar a idade necessária para aposentadoria entre homens e mulheres. Outro fator é que a partir da aprovação do texto da Emenda Constitucional, os trabalhadores deverão contribuir por 49 anos para obter o direito à aposentadoria integral, ou seja, devem iniciar a contribuir aos 16 anos de forma ininterrupta até aos 65 anos de idade.

A mesa da atividade foi coordenada pelo presidente da FETEMS, Roberto Magno Botareli Cesar e contou com a presença, para aprofundar ainda mais o debate com os trabalhadores em educação de Mato Grosso do Sul, do presidente da CNTE, Heleno Araújo, da secretária geral da CNTE e vice-presidenta da Internacional para a América Latina, Fátima Silva e do secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Ariovaldo Camargo.

De acordo com o presidente da FETEMS, Roberto Botareli, a entidade irá se esforçar ao máximo neste primeiro semestre para dar o seu recado contra a Reforma da Previdência. “Estamos na luta para impedir que as conquistas históricas sejam destruídas por um governo ilegítimo, que não tem o referendo das urnas e que pretende acabar com a nossa aposentadoria, com os direitos trabalhistas, destruir conquistas sociais, privatizar as nossas riquezas nacionais, enfraquecer a nossa soberania, fazendo o nosso país retroceder a um passado de profunda desigualdade, graves injustiças e exclusão. Estamos celebrando aqui os 38 anos da nossa FETEMS e essa celebração não poderia acontecer sem que nos reuníssemos para discutir os efeitos perversos do projeto neoliberal que tomou de assalto o governo brasileiro”, disse.

A aluna paranaense, Ana Júlia, destacou a importância do Movimento Estudantil no atual cenário do país. “Em 2016 resgatamos muito da articulação dos estudantes e temos que entender que nós precisamos sim articular grêmios em nossas escolas, precisamos nos unir, fazer direções colegiadas e principalmente estarmos por dentro das questões que estão atingindo o ensino público brasileiro, como a PEC 241, que congelou por 20 anos os investimentos no setor”, ressaltou.

No início de sua fala, o professor Emir Sader, deixou claro que o país e uma grande parcela dos brasileiros já sobreviveram a diversas conjunturas políticas, fruto da disputa de classe e dos projetos de poder existentes. “A maioria de vocês sobreviveu a ditadura militar, a transição democrática e aos governos neoliberais. Conviveu com um dos principais momentos da política brasileira, de conquistas históricas para a classe trabalhadora e por fim está vivenciando esse momento, onde fomos derrotados pela direita e estamos aqui hoje debatendo esse cenário”, disse.

Já o representante da CUT Nacional, Ariovaldo Camargo, ressaltou que a onda conservadora deve preocupar e servir de fator de mobilização das bases sindicais. “Após a destituição da presidenta Dilma Roussef, o país foi tomado por uma onda conservadora e liberalista a serviço do Mercado Financeiro. Essa Reforma Previdenciária é a conta que os mercados estão cobrando por apoiar o Golpe praticado contra as instituições democráticas. Esse cenário deve servir para que nós entendamos de uma vez por todas que precisamos nos unir e ir à luta contra o retrocesso”, avaliou ele.

De acordo com o professor Heleno Araújo, da CNTE, o momento é de fortalecimento, união e organização. “Agora é a hora de unir os trabalhadores de todas as categorias para este embate que não será fácil, mas que deve ser travado, porque caso não ocorra perderemos os direitos conquistados através de muita luta. Este cenário da Reforma da Previdência, por exemplo, vai o interferir na vida pessoal e profissional de milhões de brasileiros, como dirigentes sindicais, como formadores de opinião, devemos estar preparados para o debate com a sociedade”, pontuou.

A professora Fátima Silva, também da CNTE, foi enfática, salientando que a luta deve ser travada em cada estado. “Não adianta irmos para Brasília(DF), porque a polícia está aparelhada para reprimir e impedir que possamos até mesmo falar com os deputados, por isso precisamos cobrar um posicionamento de cada um deles em seus municípios ou estados. Essa é melhor forma para tentar mudar o voto contrário deles, pois atualmente o Governo Temer possui a maioria no Congresso Nacional e nós da Classe Trabalhadora, precisamos mostrar o nosso tamanho na luta pelos nossos direitos”, disse.

Todos os 73 sindicatos de base da FETEMS, após Assembleia Geral e Conselho de Presidentes, realizados todos nesta terça-feira, saíram com os direcionamentos para a organização da Greve Nacional e já levaram uma carta aos pais que será distribuída nas escolas. As programações das ações da paralisação não serão divulgadas com antecedência.

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