Médicos da Santa Casa de Campo Grande realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (27), em frente ao hospital, em protesto contra a falta de pagamento dos salários. Os profissionais estão há cinco meses sem receber.
Presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Silveira, explica que atraso atinge profissionais contratados sob regime PJ (pessoa jurídica), que não recebem desde maio deste ano.
“O protesto resulta do atraso salarial dos médicos que trabalham como pessoa jurídica. Esses profissionais estão com seus rendimentos vencidos há meses, o que é inadmissível. Por isso, o sindicato ingressou com uma ação judicial de obrigação de pagar. Queremos garantir que esses trabalhadores recebam conforme devido por lei”, afirmou o presidente.
Segundo ele, a Santa Casa alega que a falta de pagamento ocorre devido ao atraso nas transferências de verbas e repasses de recursos por parte do Governo do Estado e da Prefeitura de Campo Grande. No entanto, para o sindicato, essa justificativa é considerada inadequada.
“O contratante dos serviços desses médicos é a Santa Casa, não o poder público. Entendemos que pode haver dificuldades nos repasses, mas o empregador não pode terceirizar a culpa. Cabe à instituição garantir o pagamento e buscar soluções junto aos entes públicos”, destacou Marcelo Silveira.
O Sinmed-MS informou ainda que está à disposição para colaborar na busca de soluções, mas reforçou que é “impossível que um profissional continue trabalhando sem receber por seu serviço”.
Paralisação de anestesistas
No dia 17 deste mês, médicos anestesistas paralisaram as atividades devido ao atraso salarial. Desde o início de setembro, o hospital passou a cancelar cirurgias e procedimentos que não sejam de urgência e emergência. Agora, os anestesistas também cruzaram os braços, o que causa a suspensão de todas as cirurgias eletivas.
Sem salário, anestesistas paralisam e Santa Casa cancela todas as cirurgias eletivas
Em coletiva de imprensa há uma semana, na última sexta-feira (10), a presidente da Santa Casa, Alir Terra, afirmou que “quase todas as cirurgias eletivas” estavam suspensas. Agora, o hospital enviou comunicado a pacientes informando o cancelamento de todas as eletivas, já que a presença de anestesista é obrigatória. No entanto, os médicos seguem realizando atendimentos de urgência e emergência normalmente.
Mesmo com paralisação há mais de um mês, pacientes com procedimentos marcados são surpreendidos com cancelamento na véspera da operação. “Na última hora, a Santa Casa alegou que os anestesiologistas estavam em greve e não podia mais fazer o procedimento, teria que aguardar remarcar”, explica Miguel Anatalino Ribeiro. Segundo o SinMed-MS, o hospital tem mais de 100 anestesistas terceirizados.
O Jornal Midiamax pediu informações sobre este caso específico à Santa Casa de Campo Grande. Confira a nota completa. “A Santa Casa informa que os médicos anestesistas estão atuando em regime de paralisação, motivada por questões de ordem administrativa e financeira, situação que também afeta outras especialidades médicas.
Em decorrência desse cenário, todas as cirurgias eletivas foram inicialmente suspensas, com o objetivo de preservar os atendimentos de urgência e emergência. Após ajustes operacionais, as cirurgias eletivas oncológicas vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) e aos convênios foram gradualmente retomadas, com base em critérios de prioridade que garantem a manutenção dos atendimentos críticos.
Atrasos salariais são recorrentes na Santa Casa. Em janeiro, cerca de 1,5 mil profissionais da enfermagem protestaram contra o não pagamento dos salários de dezembro, que deveria ter ocorrido até 7 de janeiro.
Na ocasião, Lázaro Santana afirmou que o problema ocorreu pela falta de repasses do governo estadual e da prefeitura de Campo Grande. “Conforme os gestores, não havia previsão para pagamento. Eles relataram que não receberam recursos da prefeitura nem do Estado, e dependem desses repasses para quitar a folha”, disse Santana à época.
Em setembro, profissionais da saúde da Santa Casa de Campo Grande suspenderam parcialmente as atividades, devido ao atraso no pagamento dos salários. Funcionários de diferentes setores se reuniram em frente ao saguão do hospital para protestar e cobrar respostas sobre a previsão de pagamento.
Superlotação
Dois meses depois, o hospital chegou a suspender o recebimento de novos pacientes devido à superlotação. O setor de urgência e emergência, projetado para 13 leitos, chegou a abrigar mais de 80 pacientes, conforme nota oficial divulgada pelo hospital.
Na ocasião, a direção do hospital afirmou em nota que a superlotação gera sobrecarga em toda a rede de serviços e provoca escassez crítica de insumos.
Com pronto-socorro lotado, Santa Casa de Campo Grande para de receber pacientes
O que diz a Santa Casa?
No fim de setembro, o hospital entrou com ação judicial alegando que a vigência do contrato com a Prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado havia acabado no fim de agosto, sem formalização de um novo convênio. O termo foi prorrogado por mais 30 dias.
Na ocasião, o hospital explicou que não recebeu resposta sobre o reajuste nos valores, uma vez que o repasse está congelado desde 2023, e, no período, houve inflação e aumento de custos hospitalares. Atualmente em R$ 32,7 milhões, o termo não seria suficiente para a Santa Casa, que absorve 55,37% da demanda hospitalar na Capital.






Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.