O avanço da facção criminosa Comando Vermelho (CV) em Mato Grosso do Sul tem acendido o alerta das forças de segurança e do governo estadual. A organização, originária do Rio de Janeiro, vem tentando consolidar espaço no Estado, historicamente dominado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
O crescimento da influência do CV foi identificado há cerca de três anos, quando agentes penitenciários localizaram quatro celulares na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, em Campo Grande. As investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) revelaram que os dispositivos pertenciam a presos ligados à facção e continham conversas sobre a criação de uma “cúpula” com 13 integrantes para coordenar o grupo em território sul-mato-grossense.
O governador Eduardo Riedel (PP) manifestou preocupação com a disputa entre facções e afirmou que o combate ao crime organizado será prioridade. Em entrevista concedida na sexta-feira (31), após participar de uma reunião de governadores no Rio de Janeiro sobre segurança pública, Riedel destacou que o problema “não está distante” e já se manifesta de forma concreta em Mato Grosso do Sul.
“Aqui está o Comando Vermelho, aqui está o PCC. Temos uma fronteira que é rota de ilícitos, como drogas e armas. A conexão é direta”, afirmou o governador.
Riedel defendeu maior integração entre as polícias estaduais e federais, além de políticas públicas voltadas ao enfrentamento das facções. Segundo ele, o Presídio Federal de Campo Grande tem recebido cada vez mais líderes criminosos de alta periculosidade, o que exige ações conjuntas e coordenadas entre as forças de segurança.
Durante a assinatura da ordem de serviço para construção do restaurante estudantil da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, Riedel elogiou a postura dos governos do Paraguai e da Argentina, que passaram a classificar o PCC e o CV como organizações terroristas. Ele destacou que o endurecimento das medidas nos países vizinhos é essencial para reduzir o poder das facções na fronteira.
Contexto nacional
A reunião no Rio de Janeiro, na quinta-feira, que reuniu governadores de perfil conservador, ocorreu após a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, onde 121 pessoas morreram, entre elas quatro policiais. O encontro teve como pauta principal o fortalecimento das ações de segurança e o intercâmbio de informações entre os estados.
Em Mato Grosso do Sul, o governo deve anunciar novas estratégias de combate ao crime organizado nos próximos meses, reforçando a vigilância em áreas de fronteira e ampliando o uso de inteligência policial para conter o avanço das facções.







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