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18/07/2020 às 06:30, Atualizado em 17/07/2020 às 17:55

Operação prende piloto que fingiu sequestro para roubar avião

Caso aconteceu ano passado e funcionário da prefeitura também é alvo

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Piloto encabeçou plano de falso sequestro e foi preso - Foto: Divulgação / Deco

Piloto E. G. B., 79 anos, que fingiu ter sido sequestrado para pilotar uma aeronave por integrantes de uma facção criminosa no ano passado, foi preso na manhã desta sexta-feira (17), em nova fase da Operação Ícaro – Rota Caipira, desencadeada pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco).

Funcionário da prefeitura de Paranaíba, I. S. O., 53, também é alvo de mandado de prisão preventiva, mas não foi localizado.

Eles são acusados de envolvimento no roubo da aeronave, com simulação de sequestro, para o piloto transportar uma liderança criminosa do Paraguai até a Bolívia.

Em junho do ano passado, o piloto e o funcionário público, que trabalhava como recepcionista no aeroporto municipal, denunciaram à Polícia Civil que uma quadrilha havia rendido Edmur em casa e o levado até o hangar, onde mantiveram o recepcionista em cárcere, enquanto obrigaram o piloto a decolar a aenorave, modelo Cessna 182 skylane, com dois criminosos a bordo.

No dia seguinte ao crime, o piloto pousou com o avião no aeroporto de Cáceres (MT), alegando que foi obrigado a ir até o Paraguai e depois a Bolívia, onde conseguiu fugir durante descuido dos sequestradores, o que levantou suspeitas da polícia.

Análise de imagens do circuito do aeroporto e dados sobre a rota do voo, reprodução simulada do suspeito crime e divergências em depoimentos dos envolvidos motivaram pedido de prisão temporária, que foi cumprida ainda em junho do ano passado.

Investigações continuaram e, no mês passado, foi cumprido mandado de prisão contra Adevailson Ribeiro, um dos integrantes de facção criminosa que decolou a bordo do avião.

Em depoimento, ele confirmou a participação do piloto e do recepcionista no crime, afirmando que Edmur foi o cabeça da encenação do sequestro, registrada pelas câmeras do aeroporto.

Segundo Ribeiro, o plano foi bolado com antecedência e a ação coordenada com os demais integrantes da quadrilha, para simular o crime e justificar o uso da aeronave sem levantar suspeitas.

Ainda conforme o criminoso, o objetivo do piloto era atravessar integrantes de facção criminosa para atuação em tráfico de drogas, tanto na Bolívia quanto no Paraguai, e retornar como herói.

Na manhã desta sexta-feira, a Deco cumpriu mandado de prisão preventiva contra o piloto e realiza diligência para encontrar Idevan, apontado como facilitador do enredo criminoso.

O caso

No dia 18 de junho de 2019, o recepcionista denunciou a polícia que rendido por duas pessoas encapuzadas quando chegou para o serviço.

Um dos homens estaria armado e apontou a arma para a cabeça do servidor, informando que iria levar o avião. Ele teria sido amarrado e trancado dentro do banheiro.

Já o piloto, após pousar no Mato Grosso, disse que foi sequestrado e rendido quando estava saindo de casa e que teria sido obrigado a dirigir a caminhonete dele até o aeroporto, que ultrapassou as medidas de segurança do hangar onde estava a aeronave e decolou da pista na companhia de dois autores

Ele afirma que foi obrigado a ir até o Paraguai, onde foi informado que teria que resgatar um outro membro da facção, comparsa dos sequestradores, e levá-lo até a Bolívia.

Ele alegou ainda que, após ficar mais de 30 horas refém de bandidos armados, propositalmente, entregou chave do hangar quando um dos supostos sequestradores exigiu as chaves da aeronave.

Ao notar que o criminoso havia se afastado, acreditando estar com as chaves da aeronave, o piloto correu em direção ao avião, levantou voo e fugiu, na versão dele.

Investigações apontaram que toda a história foi inventada pelo grupo criminoso.

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