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13/06/2023 às 16:01, Atualizado em 13/06/2023 às 20:03

Relatório revela 101 mil hectares devastados entre 2019 e 2022 no Pantanal; 90% em MS

90% da área afetada foi no Mato Grosso do Sul

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Divulgação

Um dos grandes patrimônios naturais do Brasil segue em constante risco. Infelizmente, mesmo diante do crescente engajamento pela proteção do Pantanal, a maior planície alagável do planeta registra números assustadores quanto ao desmatamento nos últimos anos.

Dados do novo relatório do MapBiomas, divulgado nesta segunda-feira (12), apontam que entre os anos de 2019 e 2022, mais de 101 mil hectares foram desmatados no Pantanal, sendo que 90% da área afetada foi no Mato Grosso do Sul.

Segundo as informações, a área desmatada tem praticamente o tamanho da cidade de São Paulo. O ano passado registrou os piores números do triênio, com 31.211 hectares devastados entre florestas úmidas, campos naturais e formações savânicas.

O Pantanal foi o bioma mais agredido entre os ecossistemas brasileiros em área média desmatada, onde o estado do Mato Grosso do Sul concentra 90% do desmatamento, com metade das ocorrências alocadas em propriedades do município de Corumbá.

Leonardo Gomes, diretor executivo do Instituto SOS Pantanal, afirma que boa parte do desmatamento na região pode ser explicada por lacunas grandes na legislação do MS, além da ausência de uma legislação federal para o bioma.

“Recebemos com enorme preocupação os dados apresentados hoje pelo MapBiomas, visto que eles revelam um processo de intensificação do desmatamento no Pantanal, principalmente no MS, e possivelmente um processo irreversível do ponto de vista da integridade ecológica e dos serviços ecossistêmicos de suporte e regulação. A legislação do Mato Grosso do Sul para o bioma não apresenta embasamento científico suficiente para os limites de desmatamento estabelecidos, tampouco prevê um processo de licenciamento ambiental adequado para as características de sua flora. Faz-se urgente a promulgação de Lei Federal, conforme previsto pela Constituição Federal, que contemple todo o bioma e sua diversidade de hábitats, com base em evidências científicas e participação dos diversos setores da sociedade impactados”, disse.

No comporativo, entre 2019 e 2022, o estado do Mato Grosso desmatou 9.500 hectares, sendo 4 mil hectares só no último ano, enquanto o Mato Grosso do Sul desmatou 91 mil hectares no mesmo período, sendo 26 mil hectares no ano passado. Com média de 85 hectares desmatados por dia em 2022, o Pantanal, neste mesmo período, registrou 266 alertas de ação ilegal contra a flora e fauna locais.

Gustavo Figuerôa, diretor de comunicação do SOS Pantanal, reflete sobre a triste realidade ao alertar o papel do bioma.

“Trata-se de um refúgio que abriga as maiores concentrações de espécies ameaçadas, como onça-pintada, ariranha e arara-azul. Essa supressão acelerada da vegetação nativa coloca em risco essas populações, que encontram no Pantanal um de seus últimos refúgios”, finaliza.

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