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16/01/2022 às 13:01, Atualizado em 15/01/2022 às 16:50

Perdas em razão da seca chegam a R$ 45 bi para o agro em 4 Estados

Para ajudar o setor produtivo, o governador Reinaldo Azambuja decretou estado de emergência nos 79 municípios

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Plantação de feijão em uma fazenda localizada em Nova Andradina. Foto: Marcos Donzeli (arquivo Nova Noticias)

A onda de calor e a seca que atingem algumas lavouras no Brasil já deixam prejuízo de R$ 45,3 bilhões nos estados de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Para ajudar o setor produtivo a recompor as perdas em função da seca, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) decretou estado de emergência nos 79 municípios.

Em vigor por 60 dias, o decreto permite ao agricultor acionar o seguro, ampliar o prazo de pagamento das dívidas junto às instituições bancárias e obter ajuda estadual e federal. Conforme a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho), 26% das lavouras, equivalentes a 970 mil hectares, estão em estado ruim.

Segundo o site Canal Rural, a soja e o milho, principais grãos da pauta de exportações brasileiras, são as culturas mais atingidas pela seca. Os produtores rurais pedem rolagem de dívida e linhas de crédito sem juros.

O produtor João Merlo, de 68 anos, avalia uma perda de 50% devido à falta de chuva desde o final do ano passado, em sua lavoura de soja, na região de Dourados. A soja, plantada entre setembro e outubro, teve um enchimento de grãos muito abaixo do esperado. “Tivemos muitos dias quentes e sem chuvas, por isso metade da produtividade foi pelo ralo”, disse.

O produtor cultiva 750 hectares e adota todos os cuidados que considera necessários para obter alta produtividade. “Trabalho há 35 anos com soja e, embora seja uma cultura resistente, precisa de umidade. Plantamos a área de várzea em setembro e o espigão em outubro, mas a produção não vai cobrir o custo”, disse.

Conforme o agrônomo e consultor agrícola Haroldo Pradella, na região de Dourados, em função da estiagem, a soja está ficando madura 20 dias antes da época adequada. “Uma lavoura que tinha potencial para 60 ou 70 sacas por hectare, hoje vai produzir em torno de 30 ou 35. Prejuízo por volta de 50%”, afirmou.

A estimativa de produtividade das lavouras de soja foi revista de 56,38 sacas por hectare para 53,69 hectares. A previsão representa retração de 14,56% em relação à safra prevista, o que equivale a 1,04 milhão de toneladas – prejuízo de R$ 1,6 bilhão. O impacto foi maior nas regiões sul, sul-fronteira, sudoeste e sudeste, segundo o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.

O secretário de Meio Ambiente e Agricultura de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, disse que a estiagem teve relação direta com os números da safra, já que os índices de chuva estão muito abaixo da média. “A nossa estimativa era chegar a 12,77 milhões de toneladas, mas ao longo da safra tivemos o problema da crise hídrica muito forte em dezembro, principalmente na região de fronteira, entre Dourados e Ponta Porã, onde ficam as áreas mais afetadas. Com isso, devemos ficar com produção em torno de 12,16 milhões de toneladas”, disse.

Segundo ele, muitas vezes dentro do mesmo município há áreas que tiveram chuvas, enquanto outras sofreram com a seca. “Hoje, já temos ao menos mil pedidos de seguro agrícola”, disse. No sul do estado, quem plantou a soja um pouco mais tarde, ainda pegou as chuvas que caíram nos últimos dias em condições de ajudar a lavoura. “Plantei em novembro e a soja reagiu bem às chuvas desta semana. Vi que as plantas estão carregadas de vagens e estou apostando que a produção vai ser boa”, disse a agricultora Erica Vilhalba dos Santos, secretária do Sindicato Rural de Antônio João, na fronteira com o Paraguai.

Fonte - Campograndenews

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