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22/03/2017 às 15:00, Atualizado em 22/03/2017 às 12:33

Rivais do Brasil, uruguaios fazem confronto contra parceiro da federação

Crise entre imprensa e jogadores.

Às vésperas do confronto com o Brasil, os jogadores da seleção uruguaia decidiram entrar em confronto com a principal parceira comercial da federação local.

Desde segunda (20), os comandados de Oscar Tabárez boicotam a Tenfield, empresa que controla os direitos de imagem da seleção e das principais competições do país.

Até agora, os jogadores não usaram uniformes com os logotipos dos patrocinadores da federação nos treinamentos e se recusam a dar entrevistas para os veículos do conglomerado. As marcas desapareceram até das entrevistas coletivas.

Os jogadores dizem que a empresa, que também é dona de emissoras de TV, paga valores abaixo do mercado pelos direitos de imagem que eles têm direito por estarem na seleção uruguaia.

"Esta situação está acontecendo há muitos meses. Não há muito mais a dizer agora", afirmou o capitão da seleção uruguaia, o zagueiro Diego Godín, do Atlético de Madrid.

Nesta quinta (23), às 20h, os uruguaios enfrentam o Brasil, no Estádio Centenário, em Montevidéu.

Criada pelo brasileiro Francisco Casal, a Tenfield é parceira da federação local desde 1998. O conglomerado é acusado pelos atletas de ter conseguido tanto poder graças à ajuda de Eugenio Figueredo, ex-presidente da federação local e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

Desde 2015, o cartola está preso por ter recebido propina do esquema de corrupção revelado pelo FBI na venda de direitos de torneios no continente. Os negócios de Figueredo com a Tenfield são investigados no país, mas os dados são mantidos em sigilo pelas autoridades.

A ofensiva dos jogadores às vésperas da partida contra a seleção brasileira é mais um capítulo do confronto entre os atletas e os executivos da empresa.

No ano passado, os atletas chegaram a apresentar uma proposta da Nike para substituir a marca que veste o time. A norte-americana ofereceu aos executivos da federação US$ 24 milhões (cerca de R$ 72 milhões) por sete anos.

Parceira desde 2007 da seleção, a Puma já tinha anunciado um proposta de US$ 5 milhões (R$ 15 milhões) pelo mesmo período.

Apesar da diferença inicial e da oposição dos jogadores, a empresa alemã renovou contrato com a federação em dezembro por meio da Tenfield, que tem o ex-jogador Enzo Francescoli como sócio.

A Puma se beneficiou de uma cláusula do contrato entre o conglomerado de Casal e a federação. Pelo acordo, a empresa tem sempre a prioridade de fazer negócio com a entidade, caso seu parceiro iguale a oferta.

Em outubro, a Puma abriu os cofres e fechou por US$ 25 milhões. Nesta quinta, os jogadores vão estrear o novo uniforme desenhado pela fabricante alemã.

A cláusula foi apontada por órgão do Ministério da Economia do Uruguai como contrária à concorrência. A entidade chegou a pedir a retirada do artigo, mas a Tenfield ainda detém a prioridade.

Dentro do país, a empresa recebe também oposição dos atletas locais. Eles acusam a Tenfield de pagar pouco pelos torneios nacionais.

"Todos estamos juntos. Apesar de morarmos no exterior, temos a responsabilidade de fazer algo para o nosso futebol", disse o capitão Godín, dando apoio ao movimento dos jogadores locais contra o conglomerado.

Após ser questionado sobre até quando os atletas da seleção vão boicotar a Tenfield, o zagueiro foi seco. "Até um novo aviso", respondeu o jogador, deixando claro que a trégua não virá tão cedo.

A Tenfield não comentou publicamente o boicote dos jogadores da seleção nesta semana. Em outubro de 2016, quando os atletas questionaram a legitimidade da empresa, o grupo informou que trabalha "com a mais absoluta boa fé" com a federação uruguaia. Segundo a Tenfield, a atitude dos jogadores é uma "intromissão ilegítima" nas relações contratuais entre a empresa e a federação.

Fonte - FolhaPress

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