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11/07/2025 às 12:30, Atualizado em 11/07/2025 às 13:27

Nova vacina contra zika pode proteger contra complicações da doença

A vacina desenvolvida pelos pesquisadores da USP usa uma tecnologia conhecida como partículas semelhantes ao vírus (VLP, na sigla em inglês)

Uma nova vacina brasileira contra o zika vírus se mostrou segura e eficaz em testes com camundongos e pode ser uma aliada importante na prevenção da doença.

Os resultados do estudo com o imunizante desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP foram publicados na revista científica "NPJ Vaccines".

Além de demonstrar a eficácia da vacina nos animais, o imunizante também protegeu os roedores de danos cerebrais e testiculares associados à infecção pelo vírus.

"No estudo, conseguimos desenhar uma formulação capaz de neutralizar o patógeno e proteger os roedores tanto da inflamação no cérebro – uma das consequências mais preocupantes da infecção – quanto do dano testicular, algo que não foi observado em estudos epidemiológicos", detalha Gustavo Cabral de Miranda, pesquisador responsável pelo projeto, em entrevista à Agência Fapesp.

A pesquisa, que contou com financiamento da Fapesp, realizou testes em camundongos geneticamente modificados e mais suscetíveis ao vírus, induzindo a produção de anticorpos nos animais.

Também foram investigados os efeitos da infecção em diversos órgãos dos roedores, como cérebro, rins, fígados, ovários e testículos.

"Isso é importante diante dos riscos conhecidos da transmissão sexual do vírus zika e de seu potencial para causar lesões nos testículos, o que pode afetar negativamente a espermatogênese e a saúde reprodutiva como um todo", comenta o pesquisador.

Miranda ainda ressalta que o estudo focou muito no aperfeiçoamento tecnológico da formulação vacinal e que, apesar dos resultados promissores, ainda não há elementos o suficiente para seguir para estudos em humanos.

Tecnologia da vacina

A vacina desenvolvida pelos pesquisadores da USP usa uma tecnologia conhecida como partículas semelhantes ao vírus (VLP, na sigla em inglês). Ou seja, diferentemente dos imunizantes mais tradicionais, o material genético do vírus não é utilizado na produção.

Miranda explica que essa tecnologia costuma ser dividida em dois componentes principais:

Partícula carreadora (VLP) - tem a função de fazer o sistema imune reconhecer a presença de um vírus.

Antígeno viral - responsável por estimular o sistema imune a produzir anticorpos específicos que impeçam a entrada do vírus nas células.

Em termos práticos, a VLP imita a estrutura viral, permitindo que o sistema imune reconheça a ameaça e passe a produzir anticorpos, com o estímulo do antígeno.

De acordo com o pesquisador, o desenvolvimento de vacinas contra a zika é desafiador porque o vírus se parece com quatro sorotipos da dengue e cocircula no mesmo ambiente de transmissão. A semelhança faz com que os anticorpos possam confundir uma doença com a outra.

Zika vírus no Brasil

O zika vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2015. Pertencente à mesma família dos vírus da dengue e da febre amarela, o zika é endêmico de alguns países da África e do sudeste da Ásia.

Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, a doença também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

A prevenção, portanto, segue as mesmas regras aplicadas a essas doenças. Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, é a principal medida.

Os principais sintomas são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias.

Com informações do g1

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