Publicado em 24/05/2020 às 10:00, Atualizado em 24/05/2020 às 10:49

Estudo francês que recomendava hidroxicloroquina para tratamento de Covid-19 é retirado do ar

O grupo voltou atrás depois da publicação de um robusto estudo nesta sexta-feira (22), na revista médica The Lancet

Redação,
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Divulgação

O grupo de autores do estudo francês que recomendava o uso de hirdoxicloroquina e azitromicina para o tratamento de pacientes de Covid-19 tirou o trabalho do ar e pediu que a pesquisa não seja mais citada em outros trabalhos clínicos e acadêmicos.

Liderados pelo médico Benjamin Davido, os pesquisadores foram os primeiros a recomendar a combinação de medicamentos aos internados pelo novo coronavírus.

O trabalho ganhou grande projeção por ser pioneiro em apontar um remédio supostamente eficaz contra a doença e levar líderes mundiais como o presidente americano, Donald Trump, e o brasileiro, Jair Bolsonaro, a defender o uso desse medicamento contra a Covid-19.

Mas, desde o início, o trabalho teve a metodologia e o grupo reduzido de pacientes – apenas 30 – amplamente criticado pela comunidade científica. Críticos alertaram sobre a necessidade de análises mais aprofundadas e sobre os efeitos colaterais do remédio, como a arritmia cardíaca.

O grupo voltou atrás depois da publicação de um robusto estudo nesta sexta-feira (22), na revista médica The Lancet, que não encontra relação de eficácia em pacientes medicados pela cloroquina durante o tratamento da Covid-19. Os resultados, inclusive, sugerem piora a quem recorre ao tratamento.

"Os autores retiraram do ar o manuscrito e gostariam que ele não fosse citado [em novos trabalhos de pesquisa]", diz o texto. "Por conta da controvérsia sobre a hidroxicloroquina e da natureza de seu estudo, eles gostariam de avaliar o manuscrito após revisão metodológica."

O novo estudo

Os resultados divulgados nesta sexta-feira (22) mostram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não apresentam sinais de melhora na recuperação de pacientes de Covid-19 em uma base de 96 mil infectados, e existe ainda um risco maior de morte e piora cardíaca durante a hospitalização.

Dados do estudo:

96.032 pacientes internados foram observados;

Idade média de 53,8 anos com 46,3% de mulheres;

Pacientes são de 671 hospitais em 6 continentes;

14.888 pacientes receberam 4 tipos de tratamentos diferentes com a cloroquina e a hidroxicloroquina;

As hospitalizações ocorreram entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020.

96.032 pacientes internados foram observados;

Idade média de 53,8 anos com 46,3% de mulheres;

Pacientes são de 671 hospitais em 6 continentes;

14.888 pacientes receberam 4 tipos de tratamentos diferentes com a cloroquina e a hidroxicloroquina;

As hospitalizações ocorreram entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020.

Os cientistas excluíram fatores que podem influenciar os resultados, como idade, raça, índice de massa corporal e outras condições associadas (doenças cardíacas, diabetes, e doenças pulmonares).

De acordo com os autores, os pacientes medicados com as substâncias apresentaram também risco maior de desenvolver arritmia cardíaca. A maior taxa foi vista em pacientes que receberam a hidroxicloroquina em combinação com os antibióticos: 8% ou 502 pessoas em um grupo de 6.221. O grupo controle, que não recebeu as substâncias, teve um índice de 0,3%.

Este é o maior estudo feito com pacientes infectados e internados com a Covid-19 e a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina.

Fonte - G 1