Publicado em 22/07/2020 às 09:02, Atualizado em 22/07/2020 às 00:10

Brasil é primeiro país na fase final de testes da vacina chinesa contra COVID-19

Os voluntários receberão duas doses com intervalo de 14 dias.

Redação,
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Governador de São Paulo, João Dória, mostra em sua coletiva de imprensa realizada em 21 de julho de 2020 a embalagem da vacina chinesa produzuda pela Sinovac no Hospital das Clínicas

O Brasil se tornou o primeiro país a iniciar os testes de fase 3 da vacina chinesa Coronavac contra o coronavírus nesta terça-feira, informou à AFP o laboratório Sinovac Biotech.

Uma clínica geral de 27 anos foi a primeira de 9.000 médicos e paramédicos voluntários que receberão a vacina nos próximos três meses como parte do acordo entre o laboratório chinês e o instituto de pesquisa brasileiro Butantan para realizar os testes na última fase antes de sua aprovação.

"Eu fico muito contente de poder participar dessa experiência, a gente está vivendo um momento único e histórico e foi o que me fez querer participar desse projeto por fazer parte desse momento", afirmou a médica, cuja identidade não foi revelada, em vídeo divulgado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Cerca de 20.000 doses de Coronavac, que chegaram a São Paulo na segunda-feira de manhã, serão distribuídas para 12 centros de pesquisa nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, além da capital, Brasília.

Essas regiões estão entre as mais afetadas pela pandemia no Brasil, cujos 2,1 milhões de casos e mais de 80.000 mortes são o segundo país mais atingido pela doença, depois dos Estados Unidos.

Os voluntários receberão duas doses com intervalo de 14 dias.

Em entrevista coletiva do Hospital das Clínicas, o governador de São Paulo, João Doria, descreveu o início dos testes na fase final de "uma das vacinas mais avançadas do mundo" contra o coronavírus como um "dia histórico".

Na segunda-feira, Doria indicou que os resultados são esperados em até 90 dias e que, se forem positivos, no início de 2021 o Instituto Butantan produzirá 120 milhões de doses que serão distribuídas pelo sistema público de saúde (SUS).

Desde o final de junho, o Brasil também está testando a vacina ChAdOx1 nCoV-19 contra o coronavírus, desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com o grupo farmacêutico britânico AstraZeneca.

Esta vacina britânica, juntamente com outra do grupo chinês Cansino Biologics, provou ser segura para os pacientes e produziu uma importante resposta imune, de acordo com resultados de ensaios clínicos publicados segunda-feira na revista médica The Lancet.

O Brasil foi selecionado para testes de vacinas devido ao forte impacto da pandemia, que ainda está se espalhando em vários estados.

Especialistas argumentam que a falta de testes no país de quase 212 milhões de pessoas sugere que os números reais são provavelmente muito maiores.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta terça a realização de testes em humanos de outras duas vacinas, desenvolvidas pela empresa alemã de biotecnologia BioNtech e a farmacêutica americana Pfizer.

O estudo prevê a participação de 29.000 voluntários em todo o mundo, mil deles no Brasil, nos estados de São Paulo e Bahia, nas fases 2 e 3.