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11/09/2020 às 11:00, Atualizado em 11/09/2020 às 00:57

Vice nas principais cidades do Estado, PSDB aposta em colégios de médio porte

Partido com maior número de prefeitos em MS não vai emplacar candidatos na Capital e Dourados.

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Roberto Hashioka, em Nova Andradina, e Enelvo Felini, em Sidrolândia, são os trunfos tucanos para cidades de médio porte - Foto: Valdenir Rezende e Victor Chileno

O ano de 2020 para o PSDB é de construção nas urnas dos próximos passos do partido.

Já é quase certo que neste ano a sigla não terá candidatura própria para as prefeituras de Campo Grande e Dourados, as duas principais cidades e colégios eleitorais de Mato Grosso do Sul, tudo dentro de uma estratégia visando 2022 e até 2026.

A matemática é simples: abrir as portas a importantes aliados agora para, no futuro, ter todos eles nas disputas eleitorais, seja pelo governo do Estado, seja por outros pleitos maiores.

Mesmo com divisões naturais da política, o partido conta com uma ala dominante – encabeçada pelo governador Reinaldo Azambuja –, que mantém a estabilidade interna.

Boa parte desses aliados já foi muito útil no passado, inclusive contribuindo de forma decisiva na apertada vitória sobre o juiz aposentado Odilon de Oliveira (ex-PDT) na eleição para governador em 2018 e mesmo em outros projetos nesses seis anos de gestão.

Assim, a abertura de espaço em 2020 para outros partidos em chapas, que muitos acreditam que o PSDB deveria encabeçar, além de ser encarado como uma “recompensa”, serve para estimular que tais parcerias devem continuar por mais tempo.

Lideranças políticas consultadas pela reportagem, mas que preferiram não ter seus nomes citados, por serem de outros partidos, frisaram vários episódios que apontam para a conclusão feita acima.

Um exemplo é o apoio da família Trad, em especial do prefeito Marcos Trad, com o seu partido (PSD), na eleição de Reinaldo em 2018.

Na época, o apoio do prefeito, que tem forte inserção eleitoral na Capital e foi um dos deputados estaduais mais votados na história do Estado, graças aos votos do colégio campo-grandense, foi aclamado por muitos como essencial para o triunfo tucano.

Desde então, em várias oportunidades, uma recíproca para tal apoio foi publicamente cobrada pelos pessedistas, quando a imprensa abordava assuntos como a indicação do vice de Marcos Trad para a reeleição.

Tais questionamentos aconteceram, principalmente, por movimentações de bastidores que tentaram fazer o partido lançar candidatura própria.

Com a deputada federal Rose Modesto e até o deputado federal Beto Pereira sendo ventilados para o posto de prefeito, não foi raro ver o tucanato e até o governador Reinaldo sendo “relembrados” por nomes como o do ex-líder do prefeito na Câmara Municipal, Chiquinho Telles, e até pelo secretário municipal de governo, Antônio Lacerda.

Aposta no interior

Além de Campo Grande, Dourados também ficou comprometida por acordos com aliados, e o partido abdicou de lançar o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, ou o deputado estadual Marçal Filho para indicar o vice para a candidatura do deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (DEM), parceiro de Reinaldo em várias questões na Assembleia Legislativa.

As apostas ficaram para as cidades de médio porte no Estado, como Corumbá, Três Lagoas, Nova Andradina e Sidrolândia, por exemplo.

Na capital do Pantanal, os tucanos buscam reeleger Marcelo Iunes, então vice de Ruiter Cunha, como filiado ao PTB, mas, com a morte do titular, trocou de sigla pouco após assumir o cargo.

Porém, a reeleição de Iunes não são favas contadas.

Em Corumbá, existe movimento de oposição encabeçado pelo MDB com o ex-prefeito e ex-aliado de Ruiter, Paulo Duarte.

Outro que corre por fora dentro do próprio MDB é o atual vereador Gabriel Alves. Além disso, ainda existe um certo “fogo amigo” dentro do próprio PSDB.

Viúva de Ruiter, Bia Cavassa é deputada federal pelo PSDB e, desde o ano passado, circula nos bastidores sua intenção em se candidatar à prefeitura ou apoiar candidatura contrária à de Iunes.

Um incidente no estádio Artur Marinho, em jogo do Corumbaense, evidenciou os ânimos acirrados, já que Márcio Iunes, irmão do prefeito, agrediu um assessor de Bia.

Em Três Lagoas, o PSDB também busca reeleger Ângelo Guerreiro, mas não enfrenta tanta resistência no círculo político, como na cidade do outro lado do Estado, e estão na casa dos 112 mil e 123 mil, respectivamente. Situação semelhante acontece em Ponta Porã.

A cidade fronteiriça de 93 mil habitantes é administrada por Helio Peluffo Filho, tucano eleito em 2016, impedindo a reeleição do então pedetista Ludimar Novais, que ficou em terceiro.

O trabalho agora é evitar que o fato de 2016 se repita em 2020.

Missão 27 votos

Já em Nova Andradina, tradicional cidade da região sudeste do Estado, com 55 mil habitantes, os tucanos apostam na força de um ex-prefeito, que ocupava até recentemente o cargo de secretário estadual de Administração, Roberto Hashioka.

Ele já tinha ido às urnas da cidade em 2016, contra Gilberto Garcia, Edilson do Gás, Claudinei Brambila e Mario Xavier.

Contudo, Hashioka ficou em segundo lugar, perdendo por uma diferença de meros 27 votos para Garcia, que recebeu 10.172 votos; o tucano, 10.145.

Do total de 25.620 votos registrados na cidade naquele ano, foram 24.248 válidos. A abstenção chegou à marca de 23,39%.

Em Sidrolândia, cidade que mais registra crescimento populacional nessa década em Mato Grosso do Sul e hoje tem quase 60 mil habitantes somando as áreas urbana e rural, o nome do partido é outro ex-secretário estadual: Enelvo Felini, que já foi prefeito daquele município e foi escolhido pelo tucanato para buscar a retomada da prefeitura local.

Na eleição municipal passada, o peemedebista Ari Basso, então prefeito, foi derrotado por seu vice na gestão anterior, Marcelo Ascoli (PSL), que agora também busca ser reeleito, mas terá Enelvo como seu principal adversário – Enelvo se licenciou da chefia da Fundação do Trabalho para concorrer.

Em Batayporã, o PSDB deve disputar a eleição deste ano com o Germino Roz.

Com informações do Correio do Estado

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