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18/04/2017 às 12:21, Atualizado em 18/04/2017 às 16:23

Servidor de MS recebeu R$ 82,5 mil em esquema de propina da Odebrecht

Agente público foi citado na delação de ex-executivo da construtora.

Em Mato Grosso do Sul, esquema de propina para pagamento de cartas de crédito à construtora Odebrecht teria contado com a participação do agente público identificado como José Miguel Milé. Ele não teve o cargo divulgado, mas teria recebido R$ 82,5 mil para agilizar pagamentos do Estado para a construtora, referentes a obras realizadas na década de 1980.

Na delação, o ex-executivo da Odebecht, João Antônio Pacífico de Ferreira, disse que João Miguel integrava Comissão Especial no Governo e era conhecido pelo codinome “Palha”.

Os nomes do ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Edmilson José dos Santos, e dos ex-procuradores do estado, João Virgílio do Nascimento Sobrinho e Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, também foram citados pelo ex-executivo da Odebrecht como beneficiados com esquema de propina.

Cada um deles teria recebido R$ 330 mil para dar celeridade na liberação de créditos à empresa. Segundo o delator, os valores foram pagos entre 2006 e 2007.

Segundo Pacífico, o Grupo Odebrecht tinha dinheiro a receber dos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por obras públicas executadas na década de 1980. Porém, não conseguiam receber os valores, sob a alegação de falta de repasse federal para os estados.

Em 2004, a empresa fez acordo com os estados para o recebimento. Uma Comissão Especial constituída por agentes públicos dos dois estados foi criada para discutir os valores devidos. De acordo com o delator, a construtora não interferiu na escolha dos integrantes, mas pagou propina para que eles dessem celeridade nas discussões. O pagamento aos agentes públicos foi condicionado ao recebimento das dívidas dos estados.

“O quanto antes levantassem esses valores, mais rápido seria o encontro de contas com o governo federal. Na sequência, teríamos direito a receber esses valores”, relatou o delator.

Integrantes dessa comissão representando Mato Grosso e apontados como integrantes do esquema, o ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Edmilson José dos Santos, à época secretário adjunto do Tesouro Estadual, cujo apelido no esquema era "Cofrinho", e os ex-procuradores, João Virgílio do Nascimento Sobrinho, identificado como "Careca", e Chico Lima, como "Manhoso", teriam recebido R$ 330 mil cada um, entre os anos de 2006 e 2007, na gestão do ex-governador Blairo Maggi (PP), atualmente ministro da Agricultura.

Propina de R$ 12 milhões

Os delatores citam também o ex-secretário de Fazenda e da Casa Civil, Éder Moraes, investigado por supostos desvios de dinheiro no governo do Mato Grosso. Ele já foi preso, mas agora está em liberdade. No esquema envolvendo a Odebrecht, Éder teria solicitado R$ 12 milhões para agilizar o pagamento da dívida do governo com a construtora.

Segundo os delatores, a pedido de Éder, os valores seriam repassados sob o pretexto de contribuição para a campanha eleitoral de reeleição de Maggi.

Os pagamentos foram registrados no Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. Ainda conforme as delações, o ministro tinha o apelido de "Caldo" dentro do sistema de propinas da empresa. Em nota, o ministro nega ter recebido doações da Odebrecht e diz que não tem e nem teve relação com a empresa e seus dirigentes.

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