O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu nesse sábado (2) a urgência de um debate profundo sobre o modelo de Estado brasileiro, incluindo a reforma administrativa, revisão de isenções fiscais e controle dos gastos públicos. Durante evento do grupo empresarial Esfera Brasil, em São Paulo, o parlamentar afirmou que o atual sistema é ineficiente e injusto, “cobra mais de quem produz” e transfere os custos do Estado para a população mais vulnerável.
Em meio às discussões sobre equilíbrio fiscal, Motta também sinalizou que poderá pautar já na próxima terça-feira (9) o projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão, no entanto, será tomada após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, marcada para este domingo (8), com a presença de líderes partidários da Câmara.
“Nós temos um respeito muito grande ao Colégio de Líderes. Amanhã, após a apresentação das medidas do governo, vamos decidir sobre o PDL, que pode entrar na pauta na terça-feira. Tudo será deliberado após essa conversa”, afirmou Motta a jornalistas.
Em discurso no evento, Motta traçou um quadro crítico do Estado brasileiro, usando uma metáfora provocadora:
“O atual modelo de Estado virou uma espécie de grande costureira: a cada crise, é um remendo no cobertor. E se nada for feito, essa costureira morre e leva o país junto”.
Segundo ele, o país vive uma “encruzilhada fiscal” e precisa encarar com seriedade a ineficiência da máquina pública. “Estamos aprisionados a um modelo que entrega pouco e onera muito. Enquanto a máquina pública engorda, o cidadão emagrece”, declarou.
Motta revelou ainda que um grupo de trabalho na Câmara já está debatendo uma proposta de reforma administrativa, com previsão de conclusão em até 40 dias. A proposta deve incluir a adoção de critérios meritocráticos no serviço público, redução de privilégios e investimento em inovações tecnológicas para modernizar a estrutura estatal.
Outro ponto central do discurso do presidente da Câmara foi a revisão das isenções fiscais. Segundo ele, os benefícios tributários somam valores que “não são mais suportáveis” e precisam ser rediscutidos com responsabilidade.
“A política começa no orçamento público. A responsabilidade fiscal não é apenas uma pauta técnica, é um compromisso coletivo”, enfatizou Motta.
A reunião deste domingo com a equipe econômica deve lançar luz sobre medidas estruturantes do governo para alcançar equilíbrio fiscal. Com isso, tributos como o IOF podem ser reavaliados, tanto para arrecadação quanto para alívio de setores produtivos.
Para Hugo Motta, o momento exige união entre Legislativo e Executivo.
“O que está em jogo não é um número na planilha, é a liberdade do país de decidir seu rumo”, concluiu.
A expectativa é que as propostas discutidas com o Ministério da Fazenda possam alinhar interesses políticos e econômicos em torno de uma agenda de modernização do Estado, com foco na eficiência, na justiça fiscal e na retomada da confiança.
Com informações da Agência Câmara
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