O prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), publicou desabafo nas redes sociais, cobrando publicamente um repasse de R$ 4,5 milhões pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MS) para que ele possa, nas palavras dele, “tocar” o hospital Regional de Ivinhema.
O prefeito, que autodeclara “o mais louco do Brasil” e tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram e 20 milhões de usuários por mês em suas publicações, disse estar “revoltado” com o abandono e o caos na saúde em seu município.
De pé, na porta do Hospital Municipal de Ivinhema, Ferro não poupou palavras para culpar a Secretaria de Estado de Saúde pela situação dramática de pacientes que aguardam por vagas e por um repasse financeiro de R$ 4,5 milhões que, segundo ele, está atrasado desde fevereiro de 2025 e ameaça o funcionamento da unidade.
A situação no Hospital Municipal de Ivinhema não é recente. Relatos de abril de 2025 já apontavam para a superlotação da unidade e o “congestionamento na central de vagas em todo o estado”, indicando uma crise sistêmica que se arrasta há meses.
O ponto mais crítico da denúncia de Ferro é o financeiro. Ele afirma aguardar desde fevereiro um repasse estadual de R$ 4,5 milhões, essencial para a manutenção do hospital.
Enquanto a realidade em Ivinhema se mostra caótica, o Governo do Estado tem divulgado números do programa “MS Saúde – Mais Saúde, Menos Fila”. Em abril, o governo comemorou a marca de 2,6 mil cirurgias ortopédicas realizadas pelo programa, e em maio, a iniciativa celebrava mais de 87 mil atendimentos totais.
A discrepância entre os dados macro do estado e a realidade micro dos municípios levanta a questão sobre a eficácia e a capilaridade desses programas. A crise parece ser também financeira em outras frentes, como visto em março de 2025, quando o governo estadual precisou destinar R$ 25 milhões para enfrentar a crise financeira da Santa Casa de Campo Grande, o maior hospital do estado.
Para o prefeito Juliano Ferro, a responsabilidade é clara. “Você pede vaga para Dourados, fala que não é de alta complexidade. Você pede para Nova Andradina, não tem material. Estão deixando a desejar na saúde do estado”, concluiu, antes de prometer continuar a lutar. “Se ninguém tem coragem de falar, eu vou falar.”
Outro lado
Em resposta, a SES rebateu as declarações sobre falta de apoio financeiro e lembra que o município já recebeu cerca de R$ 15 milhões em repasses estaduais desde o início da atual gestão: R$ 7,4 milhões em 2023, R$ 6,6 milhões em 2024 e pouco mais de R$ 1 milhão entre janeiro e maio de 2025. Além disso, há um repasse adicional previsto, de R$ 3 milhões, mediante convênio ainda em tramitação, o que totalizaria R$ 18 milhões.
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