Publicado em 13/07/2017 às 18:00, Atualizado em 13/07/2017 às 14:51

Picarelli reclama de vazamento seletivo sobre cheque para morto carbonizado

Por que só meu nome vazou? Essa é a pergunta que eu faço.

Redação,
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Deputado Maurício Picarelli afirma que todos os negócios que teve com homem morto foram documentados (Foto: Mayara Bueno)

O deputado estadual Maurício Picarelli (PSDB) questiona o vazamento de informações no caso do engenheiro agrônomo Sebastião Mauro Fenerich, 69 anos, que foi morto e teve o corpo carbonizado na segunda-feira (10). O nome do parlamentar veio à tona nas investigações quando um cheque dele de R$ 50 mil foi encontrado na casa da vítima.

“Não faço nada obscuro”, disse Picarelli, que assumiu via nota enviada à imprensa ter mantido negócios em 2014 com o assassinado, época em que havia acabado de ser reeleito para mais um mandato. Contudo, ele não detalha que tipo de transações foram essas, diz apenas que foram documentadas.

“Por que só meu nome vazou? Essa é a pergunta que eu faço. Se na lista tinha várias pessoas, inclusive grandes empresários com cheques de R$ 500 mil por que só o meu nome? Por que essa perseguição seletiva?”, questiona o deputado.

Ao Campo Grande News ele afirmou que já tem indícios do responsável pela divulgação considerada imprópria pelo parlamentar, mas não quis revelar o nome. Picarelli acrescentou que já repassou essas informações às autoridades competentes cobrando providências.

No comunicado enviado ontem, o parlamentar destacou que como o cheque foi emitido em 2014 estava vencido e por isso, fora substituído por um “crédito executivo extrajudicial”, ou seja, uma nota promissória.

Agiotagem – A Polícia Civil trabalha com a possibilidade de que a vítima atuava como agiota, pela quantidade de cheques de terceiros encontrados na casa dela, em diversos valores.

Dessa forma, as suspeitas do crime recaem sobre algum cliente ou parceiro nas negociações irregulares de empréstimo. Uma das grandes questões da investigação é o fato de os cheques terem ficado intactos na casa, expondo os possíveis clientes.

O delegado Weber Luciano, da 2ª Delegacia de Policia Civil, não detalhou os achados da perícia, confirmando apenas a suspeita de que os cheques eram referentes a empréstimos a juros, prática que configura crime no Brasil, passível de pena de até 2 anos de reclusão.

A vítima foi encontrada carbonizada no porta-malas de Hyndai HB20, na rua Missão Salesiana, no Jardim Seminário, na região norte de Campo Grande, no fim da tarde de segunda-feira. Os restos mortais estão no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) à espera da identificação por meio de exame de DNA.

Testemunha de 65 anos contou que viu quando dois homens, um deles em uma caminhonete, desceram dos veículos e atearam fogo no automóvel.

Na casa de Fenerich, além dos cheques, os peritos colheram impressões digitais, encontraram duas armas. O imóvel estava revirado.

O corpo foi encontrado na mesma região onde foi desovado o cadáver do ex-vereador Alceu Bueno, que também foi carbonizado pelos criminosos, em setembro do ano passado.