Publicado em 26/08/2020 às 09:00, Atualizado em 26/08/2020 às 01:50

Oposição questiona Bolsonaro sobre R$ 89 mil de Queiroz

A líder do Psol, Sâmia Bomfim (SP), classificou como "inadmissível" a postura "autoritária e violenta" em relação à imprensa.

Redação,

Deputados da oposição usaram a tribuna da Câmara nesta terça-feira, 25, para repetir a pergunta feita ao presidente Jair Bolsonaro sobre depósitos de RS 89 mil, de Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. No domingo, Bolsonaro ouviu a pergunta de um repórter de O Globo e respondeu que tinha "vontade de encher sua boca de porrada" ao jornalista.

A reação do chefe do Executivo repercutiu nas mídias sociais no domingo e foi repetida por usuários, artistas e políticos de oposição. O assunto ficou entre os mais comentados do País no Twitter. Hoje, deputados voltaram a destacar o questionamento.

"Abro a minha intervenção perguntando o que todos perguntaram ontem, o dia inteiro, e anteontem: por que Queiroz depositou na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, R$ 89 mil?", disse a vice-líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A deputada Erika Kokay (PT-DF) opinou que o presidente não é capaz de responder a pergunta sem se comprometer. "Não consegue responder porque, ao responder, será réu confesso", disse.

Da mesma bancada, a petista Benedita da Silva (RJ) destacou que, como figura pública, Bolsonaro "não pode dar as costas para nenhuma pergunta, ainda que se sinta desconfortável, principalmente se tratando de um presidente da República".

A deputada também prestou solidariedade ao repórter que fez a pergunta ao presidente. "Se nós analisarmos o levantamento feito pela Federação Nacional dos Jornalistas sobre os ataques de Bolsonaro, no ano de 2019, contra a imprensa e seus profissionais, nós iremos constatar um total de 116 agressões", citou.

A líder do Psol, Sâmia Bomfim (SP), classificou como "inadmissível" a postura "autoritária e violenta" em relação à imprensa. "(Os jornalistas) estão cumprindo com o seu papel, para entender esse escândalo de 'rachadinhas' e a relação promíscua de Bolsonaro com as milícias no Rio de Janeiro", declarou.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e o líder do PDT, Wolney Queiroz (PE), também finalizaram seus discursos com o questionamento.

A investigação do suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), enquanto era deputado estadual no Rio de Janeiro, indicaram depósitos de Queiroz e de sua esposa, Márcia de Oliveira Aguiar, na conta de Michelle. Somados, os depósitos chegam a R$ 89 mil, de acordo com o Ministério Público.

Fonte: Estadão