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26/06/2019 às 06:31, Atualizado em 25/06/2019 às 19:46

Juiz mantém denúncia contra Giroto por ocultar valores em obra de mansão

Ex-secretário nega irregularidades em obra de R$ 7 milhões em condomínio de luxo; MPF considera valores incompatíveis com renda.

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Foto - Reprodução Campograndenews

A negativa de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em ação da Operação Lama Asfáltica, não foi o único revés que o ex-secretário de Obras Públicas e Transporte e ex-deputado federal Edson Giroto teve no Judiciário nos últimos dias. Decisão do juiz Bruno Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, rejeitou pedido para arquivamento de denúncia envolvendo o imóvel de luxo por ele construído em um condomínio de alto padrão da Capital –cujo valor seria incompatível com seus rendimentos.

A denúncia envolve, além de Giroto, sua mulher, Rachel, e a ex-secretária Denize Monteiro Coelho, e cruzou informações fiscais do ex-titular da Seop no governo de André Puccinelli (MDB) com dados sobre a casa. Ao final, sustentou-se que Giroto ocultou e dissimulou a origem, propriedade, disposição e localização de R$ 2,8 milhões usados para a construção do imóvel no Residencial Dahma I.

O MPF (Ministério Público Federal) apresentou denúncia em meio às investigações também da Lama Asfáltica, onde Giroto já havia sido denunciado por ocultação de bens –envolvendo duas fazendas em processos distintos, sendo que um deles lhe rendeu a primeira condenação a partir da operação, envolvendo uma propriedade avaliada em R$ 7,6 milhões. Giroto pegou quase 10 anos de prisão neste caso. Também condenados, mas a penas menores, sua mulher obteve o direito de recorrer em liberdade, e o cunhado Flávio Scrocchio cumprirá a sentença em São Paulo.

O MPF argumentou que Giroto havia declarado que o imóvel –descontado o terreno– valia cerca de R$ 1,4 milhão quando avaliações feitas por instituições financeiras apontavam valores superiores a R$ 4 milhões –no ato da denúncia, o valor citado foi de R$ 7 milhões. Seus rendimentos não seriam suficientes para arcar com a obra, “o que evidencia a origem criminosa dos valores empregados”, escreveu o juiz, citando trecho da denúncia.

Depoimentos colhidos na instrução do caso envolveram desde sócio-administrador da empreiteira que tocou a obra, confirmando que grande parte dos pagamentos de Giroto foi feita em espécie e na sede da empresa, e sem registro de recibo. Denize Coelho também relatou a entrega a ela, por Giroto, de “envelopes com dinheiro”, inclusive nas dependências da Secretaria de Governo.

Giroto, antes de depoimento na Justiça Federal no fim de maio, negou à reportagem irregularidades na obtenção de recursos para obra. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)Giroto, antes de depoimento na Justiça Federal no fim de maio, negou à reportagem irregularidades na obtenção de recursos para obra. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

O ex-secretário foi acusado de cometer 1.176 atos de lavagem de dinheiro. Sua mulher recebeu a mesma acusação uma vez, sendo intimada a devolver R$ 500 mil (em valor de suposta doação de Rachel ao marido), e a secretária, por três, no total de R$ 300 mil (pagamentos em espécie feitos por Denize a pedido de Giroto).

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