Publicado em 10/10/2020 às 14:04, Atualizado em 10/10/2020 às 11:17

Greenpeace ergue estátua de Bolsonaro em protesto contra queimadas

Ainda de acordo com o Greenpeace Brasil, como resultado, investidores, empresários, banqueiros, chefes de Estado e entidades nacionais e estrangeiras já advertiram que não querem estar associados a prática de crimes ambientais

Redação,
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Divulgação

Um grupo de ativistas do Greenpeace ergueu um estátua de quatro metros de altura do presidente Jair Bolsonaro em uma área atingida pelas queimadas no Pantanal. Ainda, eles escreveram a mensagem "Pátria queimada, Brasil" para protestar contra o fogo que já destruiu mais de 3,9 milhões de hectares do bioma, segundo dados são do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em parceria com o Lasa/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais).

O portal G1 entrou em contato com a assessoria da organização não-governamental para saber o local, valor e quem arcou com os custos da construção da estátua, mas segundo o Greenpeace, por motivo de segurança, esses dados não serão divulgados para proteger os ativistas. O G1 também entrou em contato com a assessoria do Ministério do Meio Ambiente mas, até a publicação da reportagem, não obteve retorno.

Segundo a diretora de programas do Greenpeace Brasil, Tica Minami, ao G1, o desmonte sistemático da política ambiental brasileira do atual governo, resultou em uma das piores crises ambientais da história do país.

"Com essas ações queremos não apenas chamar a atenção para a destruição sem precedentes do patrimônio ambiental dos brasileiros, como também apontar as causas e seus responsáveis. O Brasil está, literalmente, em chamas, graças à política incendiária do atual governo", explicou.

No sábado (3), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acompanhado de outras autoridades, fez um sobrevoo de helicóptero, em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, para avaliar os impactos das queimadas no bioma. O ministro afirmou que, ao sobrevoar o Pantanal, destacou o clima extremo e o baixo nível do rio Paraguai.

Salles defendeu ainda o uso do fogo controlado e da pecuária apoiando a ideia de ter uma brigada de incêndio permanente entre MS e MT. Ele criticou as questões ideológicas para o uso de retardantes de fogo como é usado nos Estados Unidos e Canadá e que o governo não tardou em responder.

O ministro tem sido pressionado pelo Senado a dar explicações sobre as ações do governo no Pantanal. Na sexta (2), a comissão do Senado que acompanha as ações contra as queimadas no Pantanal aprovou requerimento, apresentado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), para que o ministro preste informações sobre as multas ambientais aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os senadores querem o detalhamento das sanções aplicadas pelos órgão nos últimos cinco anos em cada bioma brasileiro. Salles tem 30 dias para responder.

Conforme a organização não governamental, desde o primeiro dia de mandato, o governo Bolsonaro colocou em ação seu único plano concreto, o de promover o desmonte sistemático das estruturas e políticas públicas de proteção ambiental.

Ainda de acordo com o Greenpeace Brasil, como resultado, investidores, empresários, banqueiros, chefes de Estado e entidades nacionais e estrangeiras já advertiram que não querem estar associados a prática de crimes ambientais e devem retirar investimentos do país, em um momento em que o Brasil passa por uma crise econômica profunda.

A organização ainda informou que somente em setembro, houve um aumento de 180,7% dos focos de calor no Pantanal e 60,6% na Amazônia, quando comparados ao mesmo período do ano passado. E isso não é um fato isolado - comparando com a série histórica desde 1998 para setembro, as queimadas foram as mais severas para o Pantanal e o segundo pior ano para Amazônia desde 2010.

Os dados deste ano mostram que entre janeiro e os primeiros 7 dias de outubro, houve um aumento de 18% no número de focos de calor registrados na Amazônia e 215% nos focos registrados no Pantanal, em relação ao mesmo período em 2019, segundo o Greenpeace.

Tica Minami ainda informou que por amor ao Brasil, ONGs, indígenas, voluntários, banqueiros e empresários estão se organizando para proteger o maior patrimônio dos brasileiros, que são as riquezas naturais.

"Em vez de negar as evidências, usar dados falsos para confundir a população e ignorar sua responsabilidade, o governo federal deve reverter imediatamente o desmonte da política de proteção ambiental do país, fortalecendo os órgãos de fiscalização e controle, fazendo bom uso do orçamento para fiscalização em campo, valorizando a ciência e dando transparência aos dados para combater o desmatamento e os crimes ambientais", finaliza.