Publicado em 17/04/2017 às 06:31, Atualizado em 16/04/2017 às 22:57

Dilma usará entrevista de Temer para contestar legalidade do impeachment

Declarações de Temer aconteceram no sábado.

Redação,
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Divulgação

Uma entrevista concedida pelo presidente Michel Temer (PDMB) virou munição para a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Isso porque ela pretende apresentar nesta segunda-feira (17) uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) para incluir uma entrevista do atual presidente, Michel Temer (PMDB) nos autos do mandado de segurança que contesta a legalidade do processo de impeachment. As informações são do UOL.

O jornal afirma que o advogado de Dilma – ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo -, explica que o material terá trechos nos quais Temer afirma que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha pensava em arquivar os pedidos de impeachment em troca de votos favoráveis a ele no Conselho de Ética.

As declarações foram feitas por Temer na noite de sábado (15) em entrevista à "Band". Para ele, as falas do presidente são uma “confissão" e uma "prova de que Cunha abriu o processo por vingança".

O Conselho de Ética da Câmara apurava se o então presidente da Casa havia cometido quebra de decoro depois de afirmar que não possuía dinheiro não declarado no exterior -- posteriormente, o Ministério Público descobriu que ele tinha contas na Suíça.

Temer afirma, em entrevista, que o colega de partido mudou de ideia sobre arquivar os pedidos de impeachment depois de saber que não teria os três votos do PT. O apoio dos petistas, conforme o UOL, resultariam na sua absolvição e na preservação do mandato parlamentar.

"Em uma ocasião, ele [Eduardo Cunha] foi me procurar. Ele me disse 'vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente, porque prometeram-me os três votos do PT no Conselho de Ética'. Eu disse que era muito bom, porque assim acabava com essa história de que ele estava na oposição. (…) Naquele dia eu disse a ela [Dilma] 'presidente, pode ficar tranquila, o Eduardo Cunha me disse que vai arquivar todos os processos de impedimento'. Ela ficou muito contente e foi bem tranquila para a reunião", declarou Michel Temer.

"No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do PT e os três membros do partido se insurgiam contra aquela fala e votariam contra [Cunha no Conselho de Ética]. Mais tarde, ele me ligou e disse 'tudo aquilo que eu disse, não vale, vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de impedimento'". Temer conclui: "Que coisa curiosa. Se o PT tivesse votado nele naquele comitê de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse".

A reportagem do UOL procurou a Secretaria de Comunicação do governo, que afirmou que não comentará a nova estratégia da defesa de Dilma.