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19/08/2017 às 15:30, Atualizado em 19/08/2017 às 18:10

Deputado desagrada artistas e gera polêmica ao incluir grupo gospel em conselho de cultura

Medida é questionada, já que envolve religião dentro de políticas culturais.

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Foto - Assessoria da Assembleia Legislativa

Emenda do deputado estadual Lídio Lopes (PEN), que assegura uma vaga ao Fórum de Cultura Gospel no Conselho Estadual de Cultura, gerou polêmica entre ativistas culturais e parlamentares na Assembleia Legislativa. O assunto, que envolve religião, deve continuar 'quente' até a próxima semana, quando ocorre a votação no plenário.

O adendo que o parlamentar fez foi em relação ao projeto de lei 90/16,que institui o Sistema Estadual de Cultura, aos moldes do Sistema Nacional de Cultura. A lei em questão estabelece diretrizes para a Política Estadual de Cultura, mas a sugestão de incluir o Fórum Gospel como membro do Conselho pegou de surpresa representantes de artistas que ajudaram a compor o projeto.

Artistas criticam a medida e dizem que tal indicação, além de ter cunho religioso, vai quebrar a paridade do conselho, que tem 14 cadeiras, sendo sete indicações da sociedade civil e sete do Governo do Estado.

''Tínhamos negociado com a presidência da Casa que não haveria emendas ao projeto, mas isso não foi cumprido. A lei é inconstitucional, já que o sistema nacional de cultura não prevê participação de fórum gospel no conselho'', critica Fernanda Teixeira, presidente do Fórum Estadual de Cultura.

O deputado Pedro Kemp (PT) também é contrário a proposição do colega de parlamento e questiona o lado religioso da questão. ''Se você coloca uma cadeira para a cultura gospel, vai receber questionamentos de outras correntes religiosas sobre participação no conselho'', explica o petista.

Ainda segundo Kemp, seria mais plausível a Cultura Gospel participar do Fórum Estadual de Cultura, desenvolver atividades, para aí sim concorrer a uma vaga no Conselho, que é formado por decisão de seus membros. Fernanda Teixeira segue o mesmo entendimento e diz que a participação desse setor no Fórum seria imprescindível para querer disputar uma cadeira no conselho.

''Não é certo ter uma cadeira no conselho para um gênero musical, como o gospel ou o rock, e sim uma vaga no colegiado técnico, que é o da música em si'', explica a artista.

Embora Lídio Lopes tenha argumentado que a música gospel tem relevância na cidade, a dirigente critica a ausência do grupo no movimento cultural.

''Só que nós não os conhecemos, nunca os vimos, nunca militaram junto com a gente em nenhuma atividade, como é que eles vão decidir alguma coisa?'', questionou a dirigente.

Fernanda diz ainda que o deputado do PEN não dialoga com o setor cultural, do qual, segundo ela, ele nunca fez parte. ''Ele está irredutível, não dialoga conosco. Sabemos que ele tem uma base religiosa, mas não pode confundir isso com representação no Conselho de Cultura'', concluiu Teixeira.

Não conseguimos o contato do Fórum de Cultura Gospel para saber a opinião a respeito da questão.

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