Publicado em 06/05/2018 às 14:04, Atualizado em 06/05/2018 às 12:12

Ciro diz que chance de ter PT na vice é próxima de zero

Eleições 2018.

Redação,

Cercado de indagações sobre uma possível aliança com o PT, o pré-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou neste sábado (5) que é quase nula a chance de ter alguém do partido na posição de vice em sua chapa.

"Acho que é próxima de zero", disse ele sobre a hipótese de uma parceria no primeiro turno com a legenda do ex-presidente Lula.

"Claro que seria [bem-vindo um apoio do PT]. Imagine um camarada que precisa de todos os votos do país para governar. Só que eu sou um homem vivido. A natureza do PT, e eu entendo isso, respeito, é ter seu próprio candidato."

O ex-ministro participou em Guarulhos do congresso nacional do PDT Diversidade, o grupo LGBT do partido. Discursou para uma plateia de correligionários que incluía lideranças gays, lésbicas e transexuais.

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta semana, Ciro afirmou ter "pena" de Gleisi Hoffmann pelo fato de a presidente nacional do PT ter dito que o pedetista "não passa no PT nem com reza brava".

"Tenho pena dela pensar isso, dizer isso", reafirmou neste sábado. "Temos que tomar muito cuidado inclusive na forma como nós eventualmente temos que explicitar nossas diferenças." Para ele, é preciso colocar o destino do Brasil acima de qualquer interesse.

"O problema é que, para algumas pessoas que não têm treinamento, não tem nível, não têm visão crítica, não conhecem a história do Brasil, outros valores importantes parecem prevalecer sobre o valor maior que é o nosso país e a sorte do nosso povo", disse.

Ciro convidou para ser seu vice o presidente da Coteminas, Josué Alencar (PR). Os dois estão tendo uma "conversa boa", segundo o relato do pedetista, mas nada foi fechado.

O presidenciável diz buscar para a vaga alguém com "requisitos de decência, de espírito público, de amor ao Brasil, [...] um homem da produção, que tenha respeitabilidade no meio, especialmente da indústria", para legitimar o projeto de desenvolvimento defendido por sua candidatura.

Nesta sexta-feira (4), a Justiça negou o pedido de Ciro para visitar Lula na cadeia, em Curitiba. O pré-candidato disse que recebeu a decisão com estranheza e que quer apenas encontrar um velho amigo. "À luz da lei, eu tenho o direito de visitá-lo."

"Vou falar com ele sobre coisas pessoais. 'Velho camarada, então, rapaz, que merda é essa?' Você imagina se eu vou chegar lá falando de política. Nenhuma chance", afirmou Ciro.

Armário No palco do evento, na sede de Guarulhos do PDT, o presidenciável disse que seu programa de governo terá ações para combater o preconceito.

Discriminar alguém "pela mera questão da orientação sexual", discursou, "é medieval".

"Esta polêmica eu quero para mim", disse, ao defender que não haverá um país justo se as diferenças não forem tratadas com respeito e tolerância.

"São 20 milhões de pessoas, aqueles que se assumiram. [Há ainda] Os que não têm coragem, frouxos e covardes, como certos candidatos, sabe? Certos candidatos que apresentam muita homofobia eu acho que é medo de sair do armário", afirmou, para risos e aplausos da plateia.

"Não tô falando de ninguém. Qualquer semelhança...", continuou.

"A pessoa dizer o seguinte: se a criança começar a vir com aquele jeitinho gay você dá umas quatro 'porrada', você conserta, aí tem. Aí tem. Não tenho a menor dúvida de que aí tem."

A reportagem perguntou a ele, na saída, se era uma referência ao adversário Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que já fez declarações consideradas homofóbicas, ou a outro concorrente. "Não citei ninguém", respondeu Ciro.

O pré-candidato disse ainda no encontro que tem buscado ouvir e aprender para se livrar do que chamou de estigmas de uma cultura preconceituosa e machista.

"Eu sou um brasileiro filho de pequena classe média, educado boa parte da minha vida na escola pública do interior do Ceará, portanto eu recebi toda a carga de formação conservadora, preconceituosa. [...] É quase impossível que você aqui e ali não replique essa cultura."

Em 2002, quando era casado com Patrícia Pillar, ele foi questionado sobre qual era a importância da atriz em sua campanha presidencial. Respondeu que ela tinha "um dos papéis mais importantes, que era de dormir" com ele.

Esse foi considerado um dos motivos para a derrocada de seu nome nas pesquisas de intenção de voto. Comentando as críticas que recebeu na época, Ciro já afirmou que fez na ocasião uma "piada de extremo mau gosto" e por isso se desculpou.

Fonte - Folhapress