Publicado em 21/04/2025 às 14:30, Atualizado em 21/04/2025 às 17:12

Brasil decreta luto oficial de sete dias pela morte do Papa Francisco

Em nota oficial, Lula destacou a trajetória de Francisco como uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”

Redação,
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Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou, nesta segunda-feira (21), luto oficial de sete dias em homenagem ao Papa Francisco, falecido nesta madrugada aos 88 anos. O pontífice argentino, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi o primeiro papa latino-americano da história e marcou seu pontificado pela defesa da justiça social, da paz e da proteção ambiental.

Em nota oficial, Lula destacou a trajetória de Francisco como uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo” e lembrou os valores que nortearam sua liderança: amor, tolerância e solidariedade. “Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o Papa buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia”, afirmou o presidente.

O chefe do Executivo também enfatizou o papel do pontífice na inserção de temas sociais e ambientais na agenda global. “Com simplicidade, coragem e empatia, Francisco levou ao Vaticano o debate sobre as mudanças climáticas e denunciou modelos econômicos geradores de injustiças e desigualdades. Ele sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito”, disse.

Lula ainda relembrou os três encontros que teve com o Papa, todos marcados por afinidades em ideais de justiça social e paz. “Pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará”, afirmou.

Encontros com Lula

O primeiro encontro entre Lula e Francisco ocorreu em fevereiro de 2020, no Vaticano, em reunião privada na Casa Santa Marta. Já eleito presidente, Lula voltou a se reunir com o pontífice em junho de 2023, também no Vaticano, quando reiterou o convite para que Francisco visitasse o Brasil, especialmente durante o Círio de Nazaré, em Belém (PA). O último encontro se deu em junho de 2024, durante a Cúpula do G7, na Itália. Na ocasião, o Papa participou como orador e alertou sobre os riscos do uso indevido da inteligência artificial e das armas autônomas. Em conversa reservada, ele e Lula voltaram a tratar da fome, da desigualdade e da paz mundial.

Repercussão internacional

A morte de Francisco repercutiu em todo o mundo e gerou manifestações de pesar de líderes internacionais. O presidente da Argentina, Javier Milei, com quem o Papa tinha divergências públicas, publicou em rede social: “Apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim”.

Já o presidente da França, Emmanuel Macron, lembrou o legado de Francisco junto aos mais pobres: “De Buenos Aires a Roma, o Papa Francisco queria que a Igreja levasse alegria e esperança aos mais pobres. Que unisse os seres humanos entre si e com a natureza”.

Nos Estados Unidos, o vice-presidente JD Vance, que se encontrou com Francisco neste domingo (20), também se manifestou: “Meu coração está com os milhões de cristãos ao redor do mundo que o amavam. Fiquei feliz por tê-lo visto ontem, embora ele estivesse obviamente muito doente. Que Deus descanse sua alma”.

Um papado marcado por coragem e empatia

Desde sua eleição em 2013, o Papa Francisco ficou conhecido por sua postura progressista e seu compromisso com os marginalizados. Enfrentou temas delicados dentro da Igreja e não hesitou em usar sua influência para cobrar responsabilidade de governos e empresas diante das mudanças climáticas e das desigualdades sociais. Sua morte encerra um papado de mais de 11 anos e deixa um legado reconhecido mundialmente por seu espírito conciliador e sua luta por um mundo mais justo, inclusivo e sustentável.

A Igreja Católica agora se prepara para um novo conclave, que elegerá o próximo pontífice, enquanto milhões de fiéis ao redor do planeta prestam suas últimas homenagens ao Papa que desafiou tradições com fé, coragem e compaixão.