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04/05/2020 às 07:00, Atualizado em 03/05/2020 às 19:25

Bolsonaro volta a apoiar ato antidemocrático e diz que não vai mais 'admitir interferência'

Os manifestantes pediram intervenção militar e criticaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ministros do Supremo Tribunal Federal e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro

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Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro participou, neste domingo (3), de mais um ato a favor do governo e de medidas antidemocráticas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Os manifestantes pediram intervenção militar e criticaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ministros do Supremo Tribunal Federal e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro – que acusa o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal para proteger familiares.

Em declaração transmitida por live em rede social, Bolsonaro afirmou: "Temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, pela liberdade".

"Nós queremos o melhor para o nosso país. Queremos a independência verdadeira dos três poderes, e não apenas uma letra da Constituição, não queremos isso. Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência. Acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente. Acredito no povo brasileiro e nós todos acreditamos no Brasil."

Ao final, o presidente disse: "Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição."

Na quinta (30), Bolsonaro acusou o ministro do STF Alexandre de Moraes de tomar uma decisão "política" ao barrar a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o comando-geral da PF. Na live, o presidente voltou a criticar o que chama de "interferência".

"Ela [A Constituição] será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla-mão. Não é de uma mão, de um lado só não. Amanhã nomeamos novo diretor da PF e o Brasil segue o seu rumo, aí".

Sem máscara, Bolsonaro levou a filha Laura, de 9 anos, para o Palácio do Planalto, de onde acenou para manifestantes que se aglomeravam em frente ao prédio. O presidente não foi à grade do Planalto, mas liberou a entrada de participantes do ato, que subiram a rampa e estenderam uma bandeira do Brasil.

Enquanto Bolsonaro conversava com manifestantes, parte do grupo hostilizou jornalistas e fotógrafos que acompanhavam o ato. A Polícia Militar precisou montar um cordão de isolamento improvisado para evitar as agressões.

Ato pró-governo

Manifestantes fizeram uma carreata em Brasília, na manhã deste domingo (3), em defesa do presidente Jair Bolsonaro. O ato na Esplanada dos Ministérios foi convocado pelas redes sociais.

A concentração começou às 10h, no Museu da República. O grupo ocupou todas as faixas do Eixo Monumental, na altura da Rodoviária do Plano Piloto. Até as 13h30, o trânsito no local seguia bloqueado.

Os participantes exibiram bandeiras do Brasil e faixas contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e com reivindicações antidemocráticas e anticonstitucionais, como "intervenção militar com Bolsonaro" e "Fora Congresso. STF sabotadores".

Outras aglomerações

No sábado (2), Bolsonaro visitou um posto de gasolina às margens da BR-040, em Cristalina, gerando nova aglomeração. Ele voltou a defender a flexibilização do isolamento social e disse que as pessoas devem ir de máscara para a rua.

" Vamos tomar cuidado e usar máscara", disse. Apesar disso, o próprio presidente usou o equipamento de forma errada, retirou a proteção para falar e para tirar fotos.

Houve um momento em que o presidente levou a mão ao nariz e depois, com a mesma mão, cumprimentou apoiadores. Levar a mão ao nariz é uma das principais formas de se contagiar e de espalhar o vírus.

A primeira participação de Bolsonaro em um ato do tipo, em meio à pandemia, foi em 15 de março. Naquele momento, o Brasil já tinha casos confirmados da Covid-19 e campanhas pelo isolamento social, mas nenhuma morte.

O presidente ainda tinha recomendação específica de isolamento, por ter participado de uma viagem oficial a Miami, nos Estados Unidos. Das pessoas que integraram a comitiva, pelo menos 23 tiveram Covid-19 logo após o retorno.

Desde o primeiro ato, em menos de dois meses, o Brasil chegou a 97,1 mil casos confirmados da infecção e 6.761 mortes, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde neste sábado.

Fonte - G 1

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