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26/04/2020 às 10:30, Atualizado em 25/04/2020 às 23:01

Ala do DEM defende que ministra da Agricultura deixe o governo após demissão de Moro

Tereza Cristina também tem sido alvo de ataques por parte de bolsonaristas por ser do partido de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, definido por Bolsonaro como um adversário.

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A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante entrevista à Folha em seu gabinete em Brasília (DF). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Depois da demissão do ministro Sergio Moro (Justiça) nesta sexta-feira (24), cresceu dentro do DEM uma ala que defende a saída da ministra Tereza Cristina (Agricultura) do governo de Jair Bolsonaro.

A avaliação de integrantes da cúpula do partido é que a ministra é uma das estrelas do governo e deve deixar a Esplanada antes para que não seja atrelada a notícias negativas em torno de Bolsonaro, como as acusações que Moro fez nesta sexta, de que o presidente teria o objetivo de interferir no trabalho da Polícia Federal.

Tereza Cristina também tem sido alvo de ataques por parte de bolsonaristas por ser do partido de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, definido por Bolsonaro como um adversário.

Ela própria já disse a seus correligionários estar incomodada com a ofensiva virtual de apoiadores de Bolsonaro.

A ministra também tem atuado para manter pontes com a China, principal consumidora do agronegócio brasileiro, após seguidas críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao país.

Diante dos ataques e da escalada na crise do governo com sucessivas demissões, integrantes do DEM avaliam que não são pequenas as chances de ela pedir para deixar o Ministério.

Dirigentes do DEM repisam que Tereza assumiu a pasta da Agricultura sem ser uma indicação do partido e que, por isso, a sigla não deverá condicionar a sua permanência na legenda à saída do Ministério.

Mas avaliam que o ideal para preservar a sua imagem e também para afastar a figura do DEM do governo seria que ela pedisse demissão.

Esta posição é defendida principalmente por aliados de Maia.

A avaliação de que talvez um desembarque esteja próximo não é exclusividade do partido e foi feita pela própria ministras a aliados.

Ela considera que, nas últimas semanas, teve seus esforços para impulsionar as exportações do Brasil sabotados pela ala ideológica do governo, que desencadeou uma série de ataques contra a China. O momento mais crítico desse desgaste ocorreu quando Eduardo Bolsonaro responsabilizou o país asiático pela pandemia de Covid-19, causando uma crise diplomática com a Embaixada da China no Brasil.

Depois do episódio, Tereza se queixou diretamente a Bolsonaro sobre os disparos dos olavistas contra a China e disse que eles estavam prejudicando sua atuação.

Os aliados da ministra argumentam ainda que ela tem mandato na Câmara, é uma liderança reconhecida no setor e que, portanto, não deve aturar por muito tempo um processo de fritura nos moldes do que ocorreu com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Na quinta (23), o presidente do DEM, ACM Neto, esteve reunido com Bolsonaro. Segundo relatos, o dirigente do partido avaliou que a conversa foi "mais do mesmo", com gestos do presidente de que quer manter um bom diálogo com a sigla.

Na ocasião, porém, Bolsonaro voltou a criticar o presidente da Câmara.

Maia mandou sinais de que quer ter um diálogo institucional com o Palácio do Planalto e que não tem a intenção de ficar "batendo boca".

Por ora, segundo dirigentes do DEM, o partido não partirá para o confronto com Bolsonaro, mas também não deverá integrar a base dele, como outras siglas do chamado centrão, como PP, PL, Republicanos e PSD, deverão fazer.

Em troca, indicados dessas siglas serão acomodados em órgãos do governo.

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