Publicado em 24/04/2017 às 16:38, Atualizado em 24/04/2017 às 20:41

Roubo milionário no Paraguai pode ser sinal de ‘guerra’ por controle da fronteira

O crime foi atribuído ao PCC.

Redação,
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Reprodução Internet

Desde a morte do homem apontado como um dos chefes do narcotráfico Jorge Rafaat Toumani, assassinado em uma emboscada em junho de 2016 na divisa entre Brasil e Paraguai, uma ‘guerra’ pelo domínio da fronteira vem sendo travada e a última demonstração de poder, segundo especialistas, aconteceu nesta segunda-feira (24): o roubo a uma empresa de valores na cidade paraguaia de Ciudad Del Este.

A teoria é defendida pelo jornalista brasileiro Alan de Abreu, especialista na investigação de tráfico de drogas. Em entrevista ao site ABC Collor, de Assunção, o jornalista explicou que o modo como os bandidos agiram nesta manhã tem as mesmas características de ações do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Para ele, a facção também foi a responsável pela execução de Rafaat, morto com tiros de fuzis AK 47 e Mag antiaérea e metralhadoras, no dia 15 de junho de 2016. “Certamente, o PCC participou do assassinato de Jorge Rafaat para dominar o tráfico de drogas no Paraguai”.

Nas palavras do especialista, que lançará um livro sobre o PCC, a demonstração de poder deixa claro a intenção da facção de dominar o crime na fronteira. “O objetivo desses ataques é fortalecer a estrutura geral do PCC, não só no Brasil, mas estender o domínio para o Paraguai e a Bolívia”.

Enquanto isso, Mato Grosso do Sul, uma das possíveis rotas de fuga dosa suspeitos, investe no aumento da segurança de linha de fronteira. De acordo com o titular da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), José Carlos Barbosa, todo o efetivo das polícias militar e civil está em alerta no Estado.

Equipes de inteligência trocam pistas sobre criminosos envolvidos do roubo. “Estamos em alerta utilizando efetivo regional e, surgindo necessidade, forças estão mobilizadas em apoio”.

“O crime está instalado nessa região e busca fragilidades, onde encontra se instala. Isso não dá a nós tranquilidade de que não possam se mudar para cá, porque o crime organizado não conhece barreiras, mas é importante estar preparado para um possível enfrentamento”, afirmou o secretário.

Ataque

Sede da empresa Prosegur, nesta segunda-feira (24), foi convertida em ruínas na cidade paraguaia de Ciudad Del Este, em crime atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Operação durou pouco mais de quatro horas, conforme os jornais Hoy e ABC Color, deixando rastro de 15 carros queimados, caminhões e bombas espalhadas pela cidade. Miguelitos, pregos unidos com arame, também foram espalhados para impedir possível perseguição.

No confronto, um agente do Grupo Especial de Operações da polícia paraguaia morreu e outro ficou ferido, além três civis. Estima-se que os criminosos, usando máscaras e roupas camufladas, tenham levado cerca de R$ 120 milhões (US$ 40 milhões).

Forças do Exército foram convocadas pelo presidente Horacio Cartes para auxiliar nas investigações de um crime anunciado desde fevereiro por equipes de inteligência.

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