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22/10/2019 às 17:47, Atualizado em 22/10/2019 às 16:56

Quadrilha pedia até R$ 5 milhões de médicos, empresários e políticos alvos de extorsão

Bandidos enviavam cartas com ameaças contra a família das vítimas.

Presos na Operação Extortio tentaram lucrar de R$ 2,5 milhões a R$ 5 milhões, fazendo ameaças a empresários, médicos e até políticos que residem em Campo Grande. As informações são da delegada Ana Cláudia Medina, da Deco (Delegacia Especializada em Combate ao Crime Organizado).

Fábio Alves, vulgo Binho, Diego Sirqueira e Celso Roberto tiveram a prisão preventiva decretada e agiam com a ajuda de uma mulher, identificada apenas pelas iniciais C. G., que teve a prisão temporária decretada. A mulher era garota de programa e atualmente estaria casada com Binho.

Segundo a delegada, o grupo criminoso iniciou a tentativa de extorsão através de cartas. “As investigações começaram no dia 7 de fevereiro, quando um dos quatro alvos dos criminosos nos procurou. Eles iniciaram a tentativa de extorsão com cartas e, assim, várias pessoas que não tinham envolvimento colaboravam para que o documento chegasse ao destino".

Em um dos casos, prossegue a delegada, "eles deixaram cair um envelope na frente de uma joalheria, ligaram no estabelecimento falando que tinham passado pelo local e deixado cair um envelope, mas como estavam indo para o aeroporto não tinha como retornar, iam pedir para um mototaxista pegar. Aí eles ligavam no ponto de táxi, pediam para o mototaxista levar no destino que aparecia no envelope, que já tinha o dinheiro da corrida dentro também. Então as pessoas colaboravam sem saber. O Binho é assaltante de banco, já o Celso era comissionado, já ocupou cargo de confiança, então ele tinha informações na mão e, assim, colocava em prática a tentativa de extorsão”.

Conforme a delegada, as ameaças normalmente eram direcionadas aos familiares dos alvos. “Eles começavam pelos familiares desses quatro troncos [alvos]. Tem umas doze vítimas. As pessoas recebiam cartas, depois começaram a receber mensagens de texto no celular, mas quando verificamos o número que havia mandado, esse número estava cadastrado no nome da própria pessoa que era ameaçada. Eles tinham gente de dentro do presídio que cadastrava novos chips com o CPF das pessoas, tanto que questionamos a operadora e todos os números que mandavam ameaças haviam feito o cadastro do CPF em um novo chip por ligação. Era meio que La Casa de Papel”.

No momento em que os bandidos perceberam que a polícia estava investigando o caso, começaram com novas ameaças. “Eles começaram a mandar gente de dentro do presídio ligar e falar que sabia quem estava fazendo as ameaças, mas que também queriam dinheiro para poder contar. Eles mandaram tirar a polícia dessa, até que conseguimos prender os cabeças da ação, que são esses quatro. A mulher, ela mente, já foi levada duas vezes para a delegacia, mas ela não fala a verdade. Nós temos todos os documentos que comprovam a ação”.

Cartas

Normalmente, o grupo redigia textos claros, demonstrando que tinha conhecimento sobre a rotina de quem estava sendo ameaçado. “Eles escreviam duas laudas, sempre demonstrando que conhecia a rotina da pessoa, sabiam onde morava, onde estudava, falavam de parentes, ameaçavam menores. Eles deixaram muitas pessoas assustadas, tanto que apenas um dos quatro alvos quis denunciar. Os outros não quiseram se pronunciar diante disso. Citamos todos no processo, mas apenas um foi ouvido. O nome das vítimas será preservado, até para não colaborar com mais casos iguais”.

Com informações do TopMidiaNews

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