Publicado em 10/03/2018 às 07:04, Atualizado em 09/03/2018 às 18:06

Professor é acusado de assediar alunas por mais de 20 anos em escola de MS

Diretores do colégio acobertavam denúncias desde 1995.

Redação,

Um professor de uma escola estadual de Nioaque, está sendo acusado pelo MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) de cometer abusos sexuais contra alunas menores de idade há mais de 20 anos.

Segundo a Promotoria de Justiça de Nioaque, o professor teria costume de praticar investidas com fins sexuais contra as alunas e dar notas superiores às vítimas a fim de conseguir o consentimento sexual, “além de condutas mais graves”.

Num inquérito civil contra o abusador, o MP-MS diz que testemunhas mencionaram que o professor fazia “uso de vocabulário constrangedor” em sala de aula, com “palavrões, termos chulos e de duplos sentido, com viés sexual e erótico”, e inclusive reduzia publicamente as alunas à condição de parceiras sexuais, em tom de brincadeira.

O inquérito investiga também a conduta da diretoria escolar, que teria tentado dissuadir as mães das alunas vítimas de abuso para que não buscassem as autoridades. Denúncias contra o magistrado nos registros da escola datam desde 1995.

Segundo o depoimento das mães das alunas colhidos pelo MP-MS, os diretores tentavam evitar a formulação de denúncias contra o professor, alegando que isso geraria a exposição das alunas mas não resultaria em consequências contra o abusador.

Questionados pelo MP-MS, os diretores da instituição negaram conhecer que deveriam denunciar o professor ao Conselho Tutelar por causa dos assédios. Segundo o órgão, parentes do professor trabalhariam na administração da escola.

O fato só passou a ser de conhecimento da Promotoria de Justiça de Nioaque depois das mães das alunas se organizarem para o registro de boletim de ocorrência contra o magistrado na Delegacia de Polícia de Nioaque.

Recuperação e proteção das vítimas

Após ter concluído as investigações contra o professor, a promotora de Justiça Ana Carolina Lopes de Mendonça, que atua no caso, fez recomendações para que a escola tome cuidados para a proteção das vítimas dos abusos.

O professor já foi exonerado em novembro, e é alvo de sindicância da SED, mesmo assim o MPE-MS atribuiu à escola tarefas pedagógicas para a “recuperação moral” das alunas, como palestras, grupos de estudo e rodas de leitura que promovam “o combate ao desrespeito, à violência verbal e sexualização”.

A promotora também recomendou que seja incluído no regimento escolas das escolas de Mato Grosso do Sul a obrigatoriedade dos funcionários que souberem de crimes contra alunos para que comuniquem o conselho tutelar e o MP-MS.