Publicado em 07/01/2021 às 16:43, Atualizado em 07/01/2021 às 16:45

Polícia Militar Ambiental autua sete traficantes de animais silvestres em R$ 41 mil durante o ano passado

O tráfico de canário ocorre todo o ano, porém, o período de agosto a dezembro é preocupante com relação ao tráfico de animais silvestres no Estado

Redação,
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Divulgação

Em Mato Grosso do Sul o tráfico de animais silvestres é quase exclusivamente de aves. Com relação à fauna do Estado, o problema se resume quase que especificamente ao papagaio. A outra forma de tráfico é internacional e não é de animal da fauna brasileira. Trata-se da entrada de um canário-peruano (Sicalis flaveola valida), que entra no Brasil, trazido por traficantes peruanos, bolivianos e brasileiros e é levado, na maioria das vezes, para Brasília (DF) e para a região Nordeste e norte de Minas Gerais, para serem utilizados em “rinhas”.

O tráfico de canário ocorre todo o ano, porém, o período de agosto a dezembro é preocupante com relação ao tráfico de animais silvestres no Estado, pois é o período reprodutivo dos papagaios que é o animal mais traficado e, como para essa ave, o interesse é no filhote, pois somente pego neste estágio é que ele pode desenvolver a capacidade de reproduzir a voz humana, e isto é o que atrai as pessoas para terem o animal em casa.

Nesse período, a PMA mantém trabalhos preventivos nas propriedades rurais para prevenir a retirada dos animais e o possível aliciamento de funcionários de fazendas e assentados pelos traficantes, para a retirada dos filhotes, que normalmente é feito pelos traficantes.

NÚMEROS DO TRÁFICO EM 2020 E 2019

Em 2020, foram detidas sete pessoas por tráfico de animais, sendo que cinco receberam multas que somaram R$ 41.000,00. Dois paraguaios foram detidos em Bela Vista com uma Arara Azul, porém, não receberam multa administrativa porque não possuem Cadastro de Pessoa Jurídica (CPF) brasileiros. O ano passado foi o ano com menor quantidade de animais apreendidos (11), todos aves, com relação a todos os anos em que a Polícia Militar Ambiental cataloga os dados de tráfico separados das demais apreensões de animais silvestres. Os animais apreendidos foram sete papagaios, dois tucanos, um periquito e uma arara-azul.

Em 2019 também foram 7 (sete) pessoas autuadas, porém, foram apreendidas 345 aves. Dessas aves aprendidas, 180 eram papagaios, 5 (cinco) periquitos e 160 canários peruanos (vindos da Bolívia), estes apreendidos com uma corumbaense de 33 anos. Os valores de multas aplicados em 2019 foram de R$ 799.000,00.

VARIAÇÃO DOS NÚMEROS

A diferença na quantidade geral de animais apreendidos normalmente pode ter muita variação. Em 2019 tiveram 160 canários peruanos apreendidos, sendo que essa espécie não fora apreendida neste ano. Aves diferentes de filhotes de papagaios não são comuns a apreensão por tráfico da fauna de Mato Grosso do Sul, porém, neste ano de 2020 foram apreendidos dois tucanos e uma arara azul, esta que estava sendo levada para Bella Vista do Norte (PY).

TRABALHO DE PREVENÇÃO AO TRÁFICO

No Estado, a PMA tem tentado todos os anos evitar o tráfico de animais silvestres, realizando operações preventivas, no sentido de evitar a retirada dos papagaios dos ninhos, ou prender os traficantes, tendo retirado poucas aves. Trabalhos de informação e de Educação Ambiental que são realizados em áreas rurais são fundamentais, porque o modus operandi principal dos traficantes é de aliciamento dos sitiantes e funcionários de propriedades rurais e assentados, para que retirem os animais e os avisem para que os comprem. Muitas pessoas fazem isto, às vezes, sem saber que estão cometendo crime ambiental.

Sabendo da forma de agir dos traficantes, para prevenir, a PMA realiza trabalhos preventivos nas propriedades rurais, por meio principalmente de informação da legislação. Barreiras também são executadas nas saídas para o estado de São Paulo, que é para onde os papagaios retirados têm saído principalmente. Isso tem permitido se prender traficantes com poucos animais retirados, quando as encomendas eram muito maiores.

OPERAÇÕES CONJUNTAS COM IBAMA – OPERAÇÃO BOCAIÚVA (2018 a 2020)

Em 2018, 2019 e 2020, no período crítico de retirada de papagaios, agosto a dezembro, a PMA realizou operações preventivas em conjunto com o IBAMA (Bocaiúva), com média 45 participantes entre Policiais e fiscais. Essas operações preventivas podem ter influenciado na diminuição de apreensões dos papagaios, que é o tráfico mais preocupante relativamente à fauna sul-mato-grossense.

REGIÃO PRINCIPAL DO TRÁFICO

A região principal do problema e que é monitorada é basicamente a que constitui os municípios de Jateí, Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo. Nessa região, ninhos também são monitorados pelos Policiais, para evitar a retirada dos filhotes, visto que essa é a preocupação maior. A base do trabalho é evitar a retirada dos animais, evitando custos à fauna e ao Estado, tendo em vista os altos custos financeiros, até a reintrodução dos filhotes na natureza.

As Subunidades da PMA que cobrem estas áreas e monitoram também o movimento dos traficantes. Em princípio, para evitar que as aves sejam retiradas e, para reprimir prendendo os elementos, quando não é possível evitar a retirada dos bichos.

O destino registrado até o momento dos papagaios é o estado de São Paulo. Sabe-se que as aves de lá saem para outros locais, porém, essa informação ainda não é confirmada, pois a PMA não trabalha com investigação. Pela região de saída, verifica-se que os municípios onde o tráfico ocorre são os que ficam próximos a saída para esse Estado. Algumas vezes, a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo também efetua apreensões de papagaios retirados de MS.

TRÁFICO DE CANÁRIOS PERUANOS DA BOLÍVIA CHILE E PERU

Outro tipo de tráfico, do qual Mato Grosso do Sul é apenas rota, é de canário-peruano (Sicalis flaveola valida). Esse animal entra no Brasil, trazido por traficantes peruanos, bolivianos e brasileiros e é levado, na maioria das vezes, para Brasília (DF) e para a região Nordeste e norte de Minas Gerais, para serem utilizados em “rinhas”, por ser uma espécie apenas um pouco maior, mas muito parecida com o Sicalis flaveola brasiliensis, o nosso “canário-da-terra”. A primeira apreensão registrada foi no ano de 2000, quando 400 canários eram levados para Brasília no porta-malas de um veículo.

Os canários peruanos também são cruzados em cativeiro com a ave brasileira, fato que coloca em risco esta espécie. O cruzamento produziria um espécime intermediário, difícil de ser diferenciado e muito forte para utilização em “rinhas”. Uma única vez, no ano de 2015, cinco canários foram apreendidos em Corumbá, sendo criados em cativeiro. Em 2019 foram 160 canários apreendidos. Foram apreendidos 280 animais em 2016 e 1810 no ano de 2015. Normalmente as apreensões dessas aves são em grandes quantidades.

Vale ressaltar, que a Lei de Crimes Ambientais não reconhece o tráfico do canário-peruano, ou outra espécie exótica vinda de outro País, como tráfico e, sim, como introduzir espécie no País sem autorização. A forma de combate a esse tipo de tráfico tem sido com barreiras nas estradas, especialmente, na região de Corumbá. Apreensões também são realizadas pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Receita Federal.