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12/08/2018 às 14:27, Atualizado em 12/08/2018 às 11:29

PF aponta indício de que marqueteiro de Aécio recebeu da Odebrecht sem prestar serviço

Empresário disse em depoimento no mês passado que prestou serviço à empreiteira e que recebeu um sétimo do valor que marqueteiro de Aécio recebeu para contrato fictício.

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Foto: Evaristo Sá/AFP

A Polícia Federal apontou mais um indício de que entre 2009 e 2010 o marqueteiro do senador Aécio Neves (PSDB) recebeu dinheiro da empreiteira Odebrecht sem prestar serviço.

O inquérito foi aberto no ano passado a partir da delação premiada de executivos da construtora Odebrecht.

Em depoimento, o executivo Sérgio Neves disse que, a pedido do senador, a Odebrecht repassou dinheiro por meio de caixa 2 para a campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas Gerais.

De acordo com a investigação, a contrapartida seria ajuda à Odebrecht, para a empresa obter benefícios em obras em Minas Gerais.

Em nota, a defesa de Aécio Neves disse que não houve nenhum ato irregular por parte do senador, que nenhum delator fez qualquer acusação referente à existência de contrapartida pelo senador e que o serviço de publicidade foi prestado. A assessoria de Antonio Anastasia afirmou que ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém.

O pagamento de R$ 1,8 milhão teria sido combinado diretamente com o executivo Benedicto Junior, da Odebrecht.

“Em junho de 2009, Benedito Jr. me procurou reportando que havia acertado com Aécio Neves um apoio para a pré-campanha do Antonio Anastasia para o governo de Minas, para concorrer como candidato ao governo de Minas. Me indicou que o valor que a empresa iria contribuir era de R$ 1,8 milhão e que deveria ser feito via um contrato com o marqueteiro do Aécio, que era o Paulo Vasconcelos do Rosário”, disse Sérgio Neves no depoimento.

O executivo ainda contou na delação que Vasconcelos o procurou e os dois teriam combinado que o pagamento seria feito por meio de um contrato fictício de um plano estratégico de comunicação para a empresa.

“Dessa forma, depois de acertado, chegado a um consenso com o Paulo sobre o escopo, esse escopo, eu elaborei na sequência o contrato que contemplava 12 parcelas de R$ 150 mil, totalizando R$ 1,8 mihão. Os valores começaram a ser pagos em julho de 2009 e concluíram até julho de 2010. Foram pagos integralmente, sem que nenhum serviço tivesse sido prestado”, declarou.

Paulo Vasconcelos do Rosário disse que não vai comentar.

Em um segundo depoimento, já no inquérito da Polícia Federal, o executivo Sérgio Neves explica que um plano de comunicação já tinha sido elaborado por outras empresas, devidamente contratadas pelo grupo Odebrecht para essa finalidade e que “embora não tenha sido demandado o serviço contratado, se recorda de Paulo Vasconcelos ter entregado uma revisão do material previamente entregue pela depoente, o qual não foi utilizado”.

Os pagamentos ficaram registrados em notas fiscais emitidas pela empresa de Paulo Vasconcelos e entregues pela Odebrecht.

Para esclarecer o caso, a Polícia Federal foi atrás das empresas que fizeram esse plano de comunicação para a Odebrecht.

Em um depoimento prestado no mês passado, o empresário José Enrique Castro Barreiro confirma que fez um plano real de comunicação para a Odebrecht em 2009. Mas só recebeu por esse plano R$ 248 mil, um sétimo do valor de Paulo Vasconcelos.

Para investigadores, esse é mais um indício de que o marqueteiro de Aécio recebeu sem prestar o serviço.

Segundo relatório da Polícia Federal, “o resultado do contrato de Prestação do serviço foi entregue em 06.07.2009, ocasião em que foi entregue e apresentada a minuta do plano estratégico de comunicação, onde estavam presentes o presidente do grupo Odebrecht, bem como vários diretores”.

O plano de comunicação de Barreiro foi entregue em 6 de julho de 2009 e apresentado numa reunião à qual estavam presentes o presidente da Odebrecht e vários diretores.

No começo deste mês, a defesa de Aécio Neves pediu o arquivamento, sob argumento que os serviços foram prestados por Paulo Vasconcelos do Rosário e que o próprio Sérgio Neves disse que Vasconcelos entregou um plano de comunicação, embora a empresa tenha decidido utilizar outro.

Ainda segundo a defesa, após mais de 15 meses da abertura do inquérito não há elementos que comprovem as declarações dos colaboradores.

Fonte - O Globo

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