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05/08/2021 às 16:31, Atualizado em 05/08/2021 às 15:33

Operação Magia Negra prende quatro suspeitos de morte de criança em ritual espiritual

Todos serão indiciados pelo crime de homicídio qualificado pelo meio cruel

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Divulgação

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Miranda, com apoio da 1ª Delegacia de Aquidauana, realizou nesta quinta-feira (5), uma operação policial denominada “Operação Magia Negra”.

Os policiais cumpriram mandados de prisão de indivíduos envolvidos na morte de uma criança de 9 meses, em um ritual espiritual em aldeia indígena, em fevereiro deste ano.

De acordo com a polícia, foram presos os pais da criança e os dois curandeiros sendo: E.M.S. (33), C.P.J.S. (34), G.P.J. (33) e F.J. (30).

Todos serão indiciados pelo crime de homicídio qualificado pelo meio cruel.

O mandado de prisão foi expedido após o trabalho de investigação feito pela Polícia Civil e após a representação pela prisão preventiva dos autores por parte da autoridade policial. Conforme o delegado responsável pelo caso, Pedro Henrique Pillar Cunha, as investigações terão continuidade, no intuito de identificar outros envolvidos.

O caso

Em fevereiro de 2021, chegou ao conhecimento da unidade policial de Miranda que uma criança indígena de nove meses tinha dado entrada no Hospital Regional já em óbito.

A criança apresentava diversas lesões e queimaduras pelo corpo, todas circuladas com uma tinta vermelha e cobertas por uma espécie de pó preto e possuía um terço com cruz de maneira envolto em seu pescoço.

O Setor de Investigações Gerais (S.I.G.) da Delegacia de Polícia de Miranda, iniciou investigações no intuito de apurar os fatos. Averiguou-se que a criança foi levada ao hospital pelos pais e outros parentes, que alegaram apenas que o bebê estava com “sapinho”.

A mãe, aparentando tranquilidade, chegou ao hospital fingindo que a criança ainda estava viva. No entanto, no momento da triagem, a enfermeira constatou que a criança estava em óbito há pelo menos 40 minutos.

Os funcionários e médicos do hospital informaram que não existia nenhum indício de “sapinho” na criança. O fato que causou estranheza é que, após a notícia do óbito, os pais e parentes reagiram com extrema frieza, sem reação compatível com o falecimento de um filho, levantando suspeitas de que já sabiam que a criança estava morta.

O laudo necroscópico concluiu que a criança faleceu de septicemia (infecção generalizada), provavelmente decorrente da lesão na inguinal.

Apurações preliminares apontam que diante da proximidade da data dos fatos com festas religiosas típicas que envolvem sacrifícios e consagrações a entidades, bem como a presença da tinta vermelha e pó preto envolvendo a criança, levantou-se a linha de investigação sugestiva da prática de ritual espiritual com a criança.

Os pais da criança deram informações contraditórias sobre as lesões e incompatíveis sob o ponto de vista médico, chegando a relatar que os ferimentos surgiram no mesmo dia e “do nada”.

Após aprofundamento nas investigações, os genitores confessaram que levaram seu filho de 9 meses a uma dupla de curandeiros locais.

A criança foi submetida a procedimentos espirituais durante 4 dias seguidos, num local chamado “santuário”, onde existiam a presença de diversas imagens de entidades religiosas. Informaram que as lesões no corpo surgiram após os rituais e que a mancha de pó preto e tinta vermelha também são oriundas destes procedimentos, que duravam aproximadamente 1 hora.

Um dos curandeiros também informou que fizeram os referidos procedimentos ritualísticos (simpatias) com a criança, para promover sua “cura”. Relatou que, de fato, realizaram as queimaduras de cigarro e cinzas de cigarro quentes, invocando entidades espirituais neste ato.

A caneta vermelha era consagrada a entes espirituais e era utilizada para circular as lesões. Após o quarto dia de rituais, a criança começou a apresentar febre e inchaço abdominal, sendo levada a outra “curandeira”, que reside em aldeia no município de Miranda.

Segundo relatos, esta curandeira seria conhecida por realizar rituais satânicos e magia negra. Na residência desta curandeira, a criança foi levada a um quarto, onde teriam diversas imagens de entidades religiosas, sendo que entoaram cânticos, invocando tais entidades, bem como passaram óleo com sementes pretas.

Após isso, a curandeira informou que o “santo” lhe disse que “não era mais com ele” e deveriam levar a criança ao médico, o que foi feito. No entanto, a criança já estava morta.

Conteúdo - Midiamax

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