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08/11/2025 às 16:31, Atualizado em 08/11/2025 às 17:26

Operação Blindagem: investigação expõe rede de apoio do PCC e revela elo entre presos e agentes públicos

Após 25 meses de apuração, ação nacional prende integrantes da facção e identifica atuação em nove cidades de MS e dois estados do Sul

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Divulgação

A Operação Blindagem, deflagrada nesta sexta-feira (7) pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, começa a revelar a extensão da estrutura montada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) fora dos presídios. A ofensiva, que teve desdobramentos também em Santa Catarina, prendeu dezenas de pessoas e apreendeu armas, celulares e documentos que reforçam o papel de servidores e colaboradores civis no esquema.

Segundo as investigações, a facção mantinha uma rede de apoio composta por militares da reserva, advogados e policiais penais aposentados, responsáveis por garantir comunicação entre presos e membros em liberdade, além de facilitar transações financeiras e o envio de drogas para outros estados. Entre os alvos, estão integrantes atuantes em Campo Grande, Ponta Porã, Corumbá, Jardim, Aquidauana, Bonito, Sidrolândia e Anastácio, com ramificações em São Paulo e Santa Catarina.

No balanço mais recente, as forças de segurança confirmaram 35 prisões preventivas e 41 mandados de busca e apreensão. Durante as diligências em Balneário Piçarras e Porto Belo (SC), um dos investigados foi preso em flagrante com uma arma de fogo. Em Campo Grande, dez pessoas foram conduzidas à delegacia, e duas acabaram autuadas em flagrante também por porte de armas.

Entre os detidos estão um militar da reserva do Exército, uma advogada e um policial penal aposentado, que teriam prestado auxílio logístico e jurídico a integrantes do PCC. “As prisões foram resultado direto das buscas. Em alguns locais, as armas estavam visíveis, o que gerou autuação imediata”, explicou o delegado Felipe Madeira, plantonista da operação.

Esquema interestadual e lavagem de dinheiro

O grupo agia em múltiplas frentes: tráfico de drogas, comércio ilegal de armas, corrupção e lavagem de capitais. As provas colhidas apontam que o esquema era comandado de dentro de presídios, com ordens repassadas a intermediários que usavam empresas de fachada e contas de terceiros para movimentar recursos ilícitos.

A droga saía de Ponta Porã e Corumbá e era distribuída em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Acre, Maranhão, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As autoridades estimam que os lucros mensais da facção chegavam a milhões de reais, sustentando tanto a estrutura de tráfico quanto a lavagem de dinheiro em propriedades rurais e empreendimentos urbanos.

Próximos passos

Com o material apreendido, a Polícia Civil vai aprofundar as análises de mensagens criptografadas e movimentações bancárias, para rastrear quem financiava as operações fora dos presídios. A meta é identificar a rota completa do dinheiro e reforçar o isolamento das lideranças já presas.

De acordo com a corporação, a Blindagem é uma das maiores ações integradas dos últimos anos contra o PCC em Mato Grosso do Sul, e deve ter novas fases nas próximas semanas. O objetivo é sufocar o fluxo financeiro e cortar os vínculos externos que mantêm ativa a facção dentro e fora do sistema prisional.

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