Publicado em 21/12/2025 às 08:36, Atualizado em 20/12/2025 às 18:59
Média de mortes por arma de fogo chega a 250 pessoas ao ano no Estado, mostra pesquisa do Instituto Sou da Paz
Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados com menor taxa de óbitos por arma de fogo no Brasil, ocupando a 4ª posição no ranking, segundo a 3ª edição da pesquisa Custos da Violência Armada, elaborada pelo Instituto Sou da Paz com base em dados do SIH (Sistema de Informações Hospitalares).
Conforme o relatório, a taxa de mortes por arma de fogo em MS foi de 8,7 por 100 mil habitantes em 2024. Assim, considerando a população estimada de 2,92 milhões de pessoas em Mato Grosso do Sul, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a média de mortes por arma de fogo chega a 250 pessoas ao ano no Estado.
Ainda de acordo com a pesquisa, MS fica abaixo da média nacional, que é de 15,5 óbitos por 100 mil habitantes, ou seja, quase metade da taxa brasileira.
Considerando os estados do Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul tem desempenho melhor que a maioria deles, ficando atrás somente do Distrito Federal, que apresenta taxa ainda menor, de 5,8 a cada 100 mil habitantes.
Apesar disso, a taxa de internações por arma de fogo em MS está entre as mais altas do país, ocupando o 7º lugar entre os estados brasileiros, com 10,5 por 100 mil habitantes. Assim, levando em conta a população estimada atual do Estado, foram 307 internações por arma de fogo em MS em 2024.
Neste quesito, Mato Grosso do Sul fica atrás de territórios do Nordeste e Norte, conforme a imagem abaixo. Ainda assim, a média sul-mato-grossense foi maior que a brasileira, que ficou em 7,4 por 100 mil habitantes em 2024.
Perfil das vítimas
A pesquisa ainda mostra que o perfil das pessoas internadas para tratar lesões provocadas por arma de fogo é similar ao das vítimas de homicídios: homens, em grande maioria (89%); pessoas negras (82,3%); e jovens (52%).
Independentemente da causa da lesão por arma de fogo, prevalece a vitimização de homens, mas, comparativamente, observa-se maior peso dos acidentes entre as mulheres.
O levantamento mostra que 21% das internações femininas foram por acidente com arma de fogo, enquanto este motivo levou 14% dos homens a internações.
Já quando consideradas agressões por armas, os homens são maioria: 78% internaram por este motivo. Mesmo assim, as agressões a mulheres representam 70% do total de internações causadas por arma de fogo.
No recorte racial, prevalece a vitimização de pessoas negras, com destaque para as agressões, que são a causa de 79% das internações das vítimas negras, contra 69% das não negras.
Já os acidentes são mais prevalentes nas internações de pessoas não negras (17,3% contra 14%), assim como as lesões autoprovocadas (6% contra 3%) em comparação às pessoas negras.
Custos para o SUS
A pesquisa mostra que, em 2024, os hospitais brasileiros internaram 15,8 mil pessoas para o tratamento de ferimentos provocados por armas de fogo, o que gerou um custo de R$ 42,3 milhões para o SUS (Sistema Único de Saúde).
As internações por violência armada possuem custos cerca de 80% maiores do que as de agressão por objeto cortante e por agressão física, tipos mais frequentes, ao lado da arma de fogo, em casos de agressão.
No entanto, esses números podem ser maiores. “O cálculo da pesquisa não inclui os atendimentos ambulatoriais em unidades da saúde relacionados a ferimentos por arma de fogo que não necessitam de internação, nem as reabilitações físicas e psicológicas posteriores à alta hospitalar, pois há falta de informações desagregadas que permitam calcular esses valores”, explica Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.
“A análise também se restringe aos gastos federais. Porque não há dados públicos que permitam mensurar o uso de recursos estaduais e municipais que integram o SUS nos casos que envolvem violência armada”, completa Carolina.
Entre 2022 e 2024, internações por agressão via força corporal foram as únicas a terem crescimento, chegando a 30% das internações.
Com informações do Midiamax