Publicado em 17/08/2020 às 12:30, Atualizado em 17/08/2020 às 12:05

Justiça brasileira quer confiscar fortuna bilionária do doleiro Darío Messer no Paraguai

Investimentos de Messer em terras paraguaias estão calculados em mais de 150 milhões de dólares

Redação,
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Messer é amigo do ex-presidente do Paraguai, Horácio Carter. (Reprodução)

Preso no Brasil, o doleiro Dario Messer é dono de uma fortuna bilionária espalhada pelo mundo. Somente em investimentos no Paraguai estima-se que esse valor seja de US $ 150 milhões em imóveis, pecuária, frota de veículos, contas bancárias e bolsa de valores. Tudo isso pode ser confiscado pela Justiça brasileira, que já manifestou o interesse, mas ainda não oficializou o pedido.

Segundo levantamentos das autoridades paraguaias, o “doleiro dos doleiros”, como é conhecido no Brasil, o dinheiro lavado no Paraguai veio de paraísos fiscais localizados na Europa e até entrou por meio de órgãos estatais, como BNF (Banco Nacional de Fomento). A própria instituição financeira já havia detalhado algumas, mas que foram ignoradas.

Desde junho do ano passado, o Ministério Público brasileiro solicitou a cooperação do paraguaio para mantê-los e, ultimamente, após a delação premiada do brasileiro que concordou em entregar 99% de seus bens a título de reparação, a possibilidade de repatriação desses bens é cada vez mais real.

Segundo informações do ABC Color, o advogado Sergio Coscia confirmou que uma comissão tripartite deverá decidir o que e como será feito com os ativos que Messer usou para lavar dinheiro no Paraguai.

A comissão deve ser formada pela do Senabico, Teresa Rojas, pela procuradora Liliana Alcaraz, que dirigia a investigação após a saída do ex-procurador René Fernández e de um representante do Itamaraty. São os três braços que vão decidir o que e como os ativos serão divididos entre Paraguai e Brasil.

Entre esse ativos já localizados no Paraguai, Messer possui desde salas de eventos no exclusivo bairro de Manorá em Assunção, passando por apartamentos em condomínio, mais de uma dezena de lotes residenciais no exclusivo Paraná Country Club, uma fazenda em Paso Itá (Hernandarias), terreno no quilômetro 5 ½ de Ciudad del Este, no km 12 de Acaray, além de terrenos no exclusivo condomínio Agua Vista de Encarnación e outros nos bairros de Assunção.

Ele também possui estacionamentos e apartamentos no prédio Paraqvaria, lotes no bairro Santísima Trinidad de Asunción, além de lotes em Mariano Roque Alonso, vários lotes em Hernandarias. Os bens do doleiro incluem ainda, de grandes fazendas, pequenas estâncias em diversas cidades paraguaias.

Messer também possui uma fazenda em Santa Rosa del Aguaray, departamento de San Pedro, chamada Las Mañanitas. A maior parte de seus imóveis foram colocados sob a administração de suas empresas Matrix Reality SA e Chay SA. Esta última passou a ser propriedade de Juan Pablo Jiménez Viveros Cartes, parente do ex-presidente Cartes, um de seus primeiros sócios no Paraguai.

Jiménez Viveros Cartes é também o mesmo homem que o levou do Alto Paraná para se esconder em Paraguarí quando foi desencadeada a operação “Troca, Desligo”, que previa sua captura no Brasil. Jiménez Viveros Cartes apareceu com o administrador de Messer, Ilan Grinspun, e eles tentaram esvaziar uma das contas de Messer na BNF.

No ano passado, o ex-chefe do Senabico e atual Ministro do Suprema Corte, Carolina Llanes assegurou que o Paraguai teria que encerrar o processo penal de Messer para tomar qualquer decisão. “Levando em consideração que existe um processo criminal em andamento, ele tem que esperar sua conclusão, e quando terminar, se houver um acordo bilateral, essa situação pode ocorrer. Em matéria de lavagem de dinheiro, por se tratar de crime de âmbito internacional, o critério é sempre compartilhar o resultado ”.

Em junho do ano passado, Carolina Llanes assegurou que a empresa CHAI SA de Messer tinha cerca de 60 milhões de dólares no conceito de sete estadias e mais de 14.000 cabeças de gado (na época da apreensão eram 11.000 cabeças e com a administração Senabico já atingiu 14.000). Ele tinha cerca de 40 imóveis, além de dinheiro na citada Casa Puente, Bolsa de Valores, e dinheiro no Banco.

O brasileiro seguiu à risca as recomendações para tornar opaca a rastreabilidade do dinheiro sujo que lavava. Ele fez o que todo mundo faz: compras monumentais de imóveis, gado e investimentos no mercado de ações.

A justiça brasileira acusa Messer de lavagem de dinheiro de políticos brasileiros entre Uruguai, Paraguai e Brasil, além de ter criado cerca de 3.000 empresas offshore para fugir de controles fiscais e lavagem de dinheiro sujo.

Para fechar o acordo com o Ministério Público, o “doleiro dos doleiros” Darío Messer prometeu devolver 1 bilhão de reais aos cofres públicos, o que seria de US $ 183 milhões. Eles incluem suas ações e ativos no Brasil e no Paraguai. Entretanto o Ministério Público do Paraguai garantiu que trabalhará para manter os bens que estão dentro do país.

Além disso, ele deve cumprir uma sentença de prisão de 18 anos por evasão de moeda, lavagem de dinheiro e conspiração criminosa. Segundo a revista Veja, na prática, Messer deve cumprir um sexto de sua pena em regime fechado, ou seja, três anos.

Considerando que ele foi preso em julho de 2019, ele só tem mais dois anos restantes. Atualmente encontra-se em prisão domiciliar em apartamento localizado em Copacabana, por pertencer ao grupo de risco para contrair o coronavírus.

Justiça brasileira quer confiscar fortuna bilionária do doleiro Darío Messer no Paraguai.