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13/10/2019 às 10:04, Atualizado em 12/10/2019 às 23:19

Filho do goleiro Bruno quer mudar de nome e revela ter medo do pai

Mãe de Eliza Samudio afirma não ter ódio do homem que matou a filha.

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Foto - Reprodução site UOL

O filho do goleiro Bruno Fernandes quer mudar de nome, é o que revela Sônia de Fátima, avó do garoto e mãe de Eliza Samudio em entrevista ao UOL Esporte. "Eu tô com medo", disse o menino de nove anos, quando o atleta deixou a prisão para cumprir pena em casa. Bruno Samudio, como gosta de ser chamado, nega e deseja se desfazer do segundo sobrenome, "Souza".

"Na verdade, ele me diz o tempo todo que queria se chamar Gabriel, que queria mudar de nome. Eu não vou fazer isso, de jeito nenhum. Se o Bruninho, quando for adulto, quiser fazer isso, vou respeitar. Mas não vou interferir no nome que minha filha escolheu", diz a avó.

"Levei meu neto para tirar o RG há alguns meses e ele teve de assinar o nome completo naquela partezinha ali embaixo. Escreveu só 'Bruno Samudio' bem grande para que não coubesse mais nada. Não adiantou: o atendente disse que precisaria colocar o "Souza" também e ele fez um escândalo", conta.

Do pai, o filho de Eliza Samudio sabe pouco, mas o bastante. "Um dia, se ele quiser, vai poder conhecê-lo. Ele diz: 'Mãe Soninha, como vou confiar num cara que tentou me matar? Nem se ele me oferecer um refrigerante fechado vou aceitar'. Ele fala que tem medo do Bruno, sabe? Um dia, sei que será inevitável o encontro dos dois. Mas, se depender de mim, ele não chega perto do Bruninho", diz Sônia.

Avó acredita em ressocialização, mas não no esporte

De acordo com informações do UOL Esporte, a avó prefere evitar que o neto descubra os detalhes da volta do arqueiro ao futebol. Bruno foi apresentado ao Poços de Caldas, de Minas Gerais, no último fim de semana e foi aclamado pela torcida. "Ver pais levando os filhos para exaltar um assassino é uma inversão de valores. Eu acredito muito na ressocialização, inclusive na dele. Mas não no esporte. O esporte envolve ser ídolo e como um assassino vai ser ídolo de alguém?", questiona.

Sônia insiste que não tem ódio do homem que matou a filha e admite que o processo não foi fácil. "Ajoelhava e rezava, gritava, doía de um jeito que eu perdia a voz. Não saía, sabe? Quando o Bruninho era bebê, eu deitava na cama, ele, no berço, e fechava todas as janelas. Se eu pudesse sumir com ele para um lugar em que não tivesse gente, eu iria. Eu queria ficar só com ele. Se eu sentisse ódio do pai dele, automaticamente transferiria esse ódio para ele. Eu não podia odiar meu neto".

Desde o assassinato da filha, em junho de 2010, a vida de Sônia é um alerta sem fim; ela garante que nunca desligou o celular desde que o comprou: "ah, há muitos anos já". Se Bruninho foge dos olhos, a avó vira e revira a cabeça até encontrá-lo e grita o nome quando não consegue. A rotina é só uma: ela chega à escola dez minutos antes de o sinal marcar o fim da aula. De dentro do portão, espera o neto todos os dias. "Ele vive perguntando quando vai poder ir à escola sozinho. Digo que, quem sabe, daqui uns seis ou sete anos. Quem sabe, hein?".

Relembre o caso

Eliza Samudio, modelo e mãe do filho do goleiro Bruno Fernandes de Souza, foi morta por asfixia e estrangulamento em 10 de junho de 2010. A modelo teve o corpo esquartejado pelos assassinos e até hoje foi não encontrado.

O ex-jogador do Flamengo foi condenado a 22 anos e três meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação do cadáver. Desde julho, está fora da cadeia e agora tenta retornar ao futebol profissional em Minas Gerais, onde cumpre pena.

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