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26/12/2019 às 06:30, Atualizado em 26/12/2019 às 10:12

Detento morto em presídio foi marcado com a frase "CV era CV" no peito

Julian Kenedi Vilhalva da Silva, 31 anos, foi encontrado morto dentro do isolamento do Pavilhão; outro preso confessou crime.

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Foto - reprodução Campograndenews

Julian Kenedi Vilhalva da Silva, 31 anos, foi identificado como sendo o preso encontrado morto dentro da cela de isolamento do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), ontem, dia 25-12. Otavio Gomes da Cruz Pereira, de 29 anos, admitiu ter matado o detento.

A reportagem apurou que o corpo dele foi marcado com os dizeres “CV era CV”. A denúncia de familiares de presos é que ele e um desafeto foram colocados na mesma cela de isolamento, junto com outros detentos e esta pessoa teria matado Julian Kenedi.

Porém, a informação apurada pelo Campo Grande News, é de que Otavio assumiu a morte de Julian. Ele foi levado para prestar depoimento na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga/Cepol.

Segundo apurado, logo cedo, Julian e o desafeto pediram para sair do “raio” em que estavam, (uma ala com celas e solário do presídio) e queriam ser transferidos para isolamento. O motivo da solicitação não foi informado.

À tarde, por volta das 13h, Julian foi encontrado morto na cela, enforcado e com o tórax marcado com os dizeres “CV era CV”, uma alusão ao Comando Vermelho, facção carioca rival ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e da qual Julian fazia parte, segundo o boletim de ocorrência sobre o caso. Na parede da cela também foi escrito "1533 NÃO PASSA NADA".

Outros sete presos estavam na cela e um deles assumiu a morte de Julian. A ação teria causado estranheza, já que o fato dele estar "enforcado" seria uma tentativa de induzir a causa da morte para “suicídio”, padrão no código dos internos de estabelecimentos penais. Não há informações se o desafeto da vítima também estava nessa cela.

A informação enviada ao Campo Grande News é que a confissão do preso envolve as facções CV e PCC: no Instituto Penal são levados os estupradores ou traidores das facções que não podem ter convívio amplo com a massa carcerária do Presídio de Segurança Máxima, por exemplo.

Julian, segundo informação, seria do PCC, mas cometeu uma falta e foi expulso da facção, sendo transferido para IPCG. A morte dele, com confissão de outro expatriado do PCC, seria uma forma deste preso se redimir e voltar a integrar o grupo criminoso, que tem maioria nos presídios de Mato Grosso do Sul.

Denúncia – a morte do preso foi relatada ao Campo Grande News por familiares de internos do IPCG, que acusavam agentes penitenciários de colocar na mesma cela de isolamento os dois presos que haviam brigado. Depois, esses profissionais teriam se omitido aos pedidos de socorro de Julian Kenedi.

O presidente do Sinsap/MS (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de MS), André Luiz Santiago, disse que colocar dois desafetos no mesmo isolamento não é o procedimento dos agentes e que iria averiguar a denúncia.

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