Publicado em 20/08/2021 às 10:01, Atualizado em 19/08/2021 às 20:13

Cinco pessoas são presas por estuprar crianças da mesma família há 20 anos

Já foram identificadas mais de 10 vítimas, dentre primas, irmãs e sobrinhas dos autores.

Redação,
Cb image default
Foto - Polícia Civil

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), de Três Lagoas prendeu cinco pessoas, quatro homens e uma mulher, todos da mesma família, acusados de praticar estupro de vulneráveis no município.

As prisões que fazem parte da operação “Sodoma e Gomorra”, colocou fim há quase 20 anos de abusos sexuais dentro de uma mesma família. A operação contou com 24 investigadores e 5 delegados e com o apoio do Setor de Investigações Gerais (SIG), da 2ªDP e DAM de Paranaíba.

Dois dos presos são irmãos, sendo que o terceiro é filho de um deles e o quarto é sobrinho. A mulher é a matriarca da família, uma senhora de 77 anos, que tinha conhecimento de tudo que acontecia e se omitiu.

Por 20 anos o silêncio foi regra na casa da idosa de 77 anos que viu e ajudou no estupro de pelo menos dez crianças em Três Lagoas. O terror psicológico e até agressões físicas, eram usados para manter o ciclo de violência escondido, tudo sob pretexto de “não destruir a família”.

Já foram identificadas mais de 10 vítimas, dentre primas, irmãs e sobrinhas dos autores. Com a prisão ocorrida hoje, acredita-se que mais vítimas serão identificadas, pois terão coragem de denunciar. A primeira vítima sofreu o abuso inicial há mais de 17 anos, quando ela tinha 8 anos de idade.

As demais vítimas são crianças e adolescentes com idades entre 5 a 13 anos, que conviviam em um mesmo núcleo familiar e, apesar de pedirem ajuda e tentarem denunciar, foram negligenciadas e obrigadas a se calar por anos. Uma delas, quando tentou contar o que acontecia, foi espancada com uma corrente, por um dos autores, com a conivência da avó

A investigação começou há três meses, após uma filha da mulher descobrir que a própria filha era abusada pelo sobrinho e finalmente denunciar o crime. Foi revelado então outras vítimas, que eram submetidas a um esquema rigoroso de hierarquia familiar.

Todos, segundo a polícia, moravam na mesma propriedade. A casa era da idosa e foi crescendo para receber os filhos e agregados, conforme eles iam se casando e a família crescendo. Por conta disso, as vítimas conviviam diariamente com os autores.

Conforme a delegada Nelly Gomes dos Santos Macedo, os crimes não eram “linear”. Algumas vítimas eram abusadas apenas por um dos acusados, outras por mais de um. A matriarca sabia de tudo e forçava as crianças a ficarem quietas. Para ter o controle da situação, afirmava que se denunciassem os parentes a família seria destruída. Uma delas chegou a ser agredida com correntes para permanecer em silêncio.

Depois da denúncia, as equipes da especializada realizaram a primeira prisão há 20 dias. Nesta manhã, na segunda fase da operação, a idosa e outras três autores foram detidos. Um dos mandados de prisão temporária foi cumprido em Paranaíba. Nomes dos suspeitos não foram divulgados para proteger as vítimas.

Sodoma e Gomorra, de acordo com a Bíblia, foram duas cidades destruídas por Deus, em razão dos pecados de seus habitantes e à prática de atos contrários à moral dos antigos israelitas, como tentativa de estupro a dois anjos.