Buscar

22/04/2020 às 17:46, Atualizado em 22/04/2020 às 21:24

Casal suspeito de torturar a própria filha tem prisão preventiva decretada

O homem acabou por confessar as agressões.

O plantão criminal da Comarca de Campo Grande registrou, neste último final de semana com feriado, um total de 43 autos de prisão em flagrante. Dentre furtos, roubos, tráficos de droga e até diversos casos de violência doméstica, uma situação se sobressaiu pela gravidade: os maus tratos sofridos por uma menina de apenas 3 anos de idade pela própria genitora e seu padrasto.

Na noite da última segunda-feira (20), uma criança deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Jardim Leblon com uma fratura exposta na perna, ocasionada, segundo a mãe da menor, pela queda do berço. A equipe médica, porém, desconfiou da origem do ferimento, principalmente porque a menina de somente 3 anos apresentava inúmeros outros machucados pelo corpo. A assistente social que atendeu o caso, após entrevista com a genitora que se esquivava em responder perguntas sobre seu endereço ou sobre o homem que chegara com ela na UPA e pouco depois fora embora, acionou, então, a Polícia Militar.

Como a criança já havia sido transferida para a Santa Casa da Capital para realização de intervenção cirúrgica, os agentes policiais foram até o local e conversaram com o médico especialista que a atendeu. O profissional reiterou que as lesões apresentadas pela menor não condiziam com o relato da mãe, mas apontavam uma reiterada situação de violência. A vítima apresentava diversas escoriações na face e pescoço já em fase de cicatrização, equimoses em diversas partes do corpo, uma lesão semelhante à queimadura na parte interna da virilha, também com sinais de cicatrização, além da fratura exposta na perna, mais precisamente no osso da tíbia, sendo que o ferimento apresentava considerável sangramento.

De posse de todas essas informações, os policiais indagaram a mãe, que acabou contando que a filha era agredida pelo seu atual companheiro, o mesmo homem que a tinha acompanhado até o posto de saúde. Deste modo, a guarnição da PM dirigiu-se até a casa do genitor do suspeito, onde o encontrou na guarda de seu outro enteado de apenas 8 meses.

O homem acabou por confessar as agressões. Segundo ele, as lesões na face da menina teriam sido ocasionadas quando este lhe bateu com o fio de um ventilador. O padrasto, porém, informou que a genitora também agredia a criança, sendo ela a responsável pelo ferimento na virilha. Em relação à fratura exposta, o suspeito negou ter sido o causador, afirmando que saíra para trabalhar e quando retornou a menina já apresentava a lesão.

Na delegacia, a mãe confirmou que batia na filha com chinelo, mas não de maneira tão agressiva quanto seu companheiro. Em seu interrogatório, ela disse que a criança seria muito arteira, razão pela qual apanhava constantemente, tanto dela, quanto do padrasto. Um dos motivos que levara à agressão física foi quando a menina quebrou um copo da casa. O casal foi autuado pelo crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97.

O magistrado em plantão criminal, Albino Coimbra Neto, decidiu pela conversão do flagrante de ambos em prisão preventiva. O juiz ressaltou que o crime de tortura equipare-se a crime hediondo, não sendo recomendável, portanto, a concessão de medida cautelar mais branda.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.