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16/10/2020 às 11:34, Atualizado em 16/10/2020 às 10:35

Bolívia investiga ex-comandante acusado de proteger delegado de MS

A Justiça brasileira mandou Fernando a júri em julho deste ano e a defesa recorreu. O caso corre sob sigilo.

Começou nesta semana na Bolívia mais um capítulo da investigação do assassinato do fazendeiro Alfredo Rengel Weber, 48 anos, ocorrido há 1 ano e 7 meses, crime pelo qual está preso o delegado de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul Fernando Araújo da Cruz Junior, de 34 anos. De acordo com o site Campo Grande News, o ex-comandante da Felcc (Força Especial de Combate ao Crime) em Santa Cruz de La Sierra, Gonzalo Medina, foi notificado nesta quarta-feira, dia 14 de outubro, na prisão onde está para explicar porque à época da condução do inquérito no Brasil ignorou os pedid0s de colaboração da Corregedoria da Polícia Civil.

A notificação foi feita pelo Ministério Público do país vizinho, onde o delegado preso também é alvo de apuração, junto com mais três pessoas, entre elas a esposa, a boliviana Sílvia Aguilera. As circunstâncias em que Weber foi morto explicam as ações criminais em dois países: primeiro, a vítima foi esfaqueada durante festa em Puerto Suarez, vizinha a Corumbá. No caminho para hospital da cidade brasileira, acabou morta dentro da ambulância, a tiros.

Nas duas situações, foi o delegado Fernando, ex-titular na delegacia de Corumbá, conforme a acusação, quem atentou contra o fazendeiro. No Brasil, ele é réu por homicídio. Na Bolívia, investigado por tentativa de assassinato.

Foram os advogados da família da vítima os responsáveis por provocar autoridades bolivianas sobre Gonzalo Medina, apontado a negativa de colaboração com a equipe policial sul-mato-grossense. Eles agiram a partir de informações obtidas em relatório de investigação do delegado Carlos Delano sobre tentativa frustrada de obter ajuda em Santa Cruz de La Sierra.

A autoridade policial atuava na Corregedoria quando o crime aconteceu e conduziu o inquérito. A Justiça brasileira mandou Fernando a júri em julho deste ano e a defesa recorreu. O caso corre sob sigilo.

A representação legal de Fernando da Cruz também tenta, segundo a imprensa boliviana, derrubar os trâmites do lado de lá, alegando que uma pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo fato. A reportagem tentou, sem êxito, falar com o defensor Renê Siufi, responsável pelo caso.

O pedido - Segundo as informações do jornal El Deber, os familiares de Rengel enviaram “diversos memoriais ao Ministério Público” solicitando o testemunho de Gonzalo Medina nesse procedimento, com respaldo nos relatórios do delegado brasileiro.

Conforme descrito, Gonzalo Medina deixou de enviar laudos, procedimentos ou provas, como os projéteis do crime para as perícias.

Para o MP boliviano, ele e outros policiais devem ser responsabilizados pelos crimes de violação de deveres, lesões leves, graves e muito graves, além de homicídio culposo.

O fazendeiro assassinado, cuja família apresentou pedido para investigar ex-comandante. (Foto: Reprodução de vídeo)

Para a família do fazendeiro assassinado, as investigações devem ser estendidas aos representantes da Associação de Pecuaristas de Puerto Suárez. A alegação é de que houve obstrução dos trabalhos policiais, em razão do sumiço dos vídeos das câmeras de segurança, que gravaram Rengel Weber sendo esfaqueado pelo então delegado da Polícia Civil de Corumbá durante uma festa no local.

Implicações

Gonzalo Medina está preso em Santa Cruz de La Sierra, para onde foi transferido no começo do mês, depois que sua defesa conseguiu ordem de internação em uma clínica, alegando saúde debilitada pela hipertensão. Antes, estava em prisão de La Paz.

Por causa dessa transferência, houve dificuldade para a entrega da notificação para ele se explicar sobre a não colaboração com a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Quando as equipes foram à clínica, o preso já estava na penitenciária.

Medina é acusado, também, de ter ligações ilícitas com Pedro Montenegro Paz, extraditado no ano passado para o Brasil, onde é alvo de processo por envolvimento com o narcotráfico de cocaína. Conhecido como “Gordito”, Pedro Montenegro foi entregue pela Polícia Federal em Corumbá e, depois, levado ao sistema prisional federal.

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