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22/04/2017 às 14:30, Atualizado em 22/04/2017 às 10:46

Advogado da empresa do avião que fez pouso forçado com Angélica e Huck sugere culpa de piloto e discorda de relatório

Documento revela que equipamentos essenciais estavam inoperantes.

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Técnicos do Seripa 4 e da Embraer recolhendo partes do avião com Angélica e Luciano Huck que fez pouso forçado em MS (Foto: Priscilla dos Santos/G1 MS/Arquivo)

O advogado da empresa dono do avião que fez pouso forçado com a família de Angélica e Luciano Huck em Mato Grosso do Sul há quase dois anos sugere culpa do piloto Osmar Frattini e discordou do relatório do final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica.

José Trad afirmou que só vai contestar o relatório se os donos da MS Táxi Aéreo forem acionados judicialmente.

“Os problemas mecânicos que foram verificados na aeronave poderiam ser constatados pelo piloto antes dele embarcar”, afirmou o advogado.

O piloto Osmar Frattini fez o pouso no meio do pasto com nove pessoas a bordo depois que o motor do lado esquerdo parou de funcionar. Além dos apresentadores, os três filhos e duas babás estavam no avião voltando do Pantanal para Campo Grande.

O relatório dos peritos indica que teve uma pane seca, ou seja, faltou combustível no tanque da asa esquerda, e o motor da asa direita foi suficiente continuar o voo.

Frattini também discordou do relatório do Cenipa, mas disse que, por enquanto, não vai se manifestar sobre detalhes da investigação.

Na época do acidente, os peritos do Centro de Investigação levaram as turbinas, os sensores, tanque, bombas de combustível. Segundo o relatório, o piloto e copiloto não cumpriram o checklist obrigatório em casos de pane.

A aeronave tinha dois equipamentos essenciais sem funcionar: o gravador de dados de voz, que é uma das caixas-pretas, e um sistema que diminui automaticamente resistência do ar em uma das hélices quando ela para.

Outro problema que resultou na necessidade do pouso forçado do bimotor foi a troca da posição dos sensores de combustível da asa esquerda. O do tanque interno estava instalado no externo, e vice-versa, o que fez com que o piloto achasse que havia combustível naquela asa, o que não era verdade.

Uma válvula de alimentação cruzada interligava os sistemas direito e esquerdo, possibilitando, quando necessário, o fornecimento de combustível de uma mesma asa para ambos os motores ou, no caso de um motor inoperante, a alimentação do motor em funcionamento com combustível da asa oposta.

“A inversão dos sensores por si só não foi causa decisiva do acidente porque o piloto poderia ter visto a ausência de combustível na aeronave se ele tivesse feito a checagem visual nos tanques do combustível”, afirmou Trad.

Após o pouso forçado, não foi encontrado combustível na asa esquerda da aeronave, enquanto a asa direita havia aproximadamente 320 litros.

Sem manutenção

Outro ponto importante revelado pelo relatório é que a empresa de táxi-aéreo orientava os pilotos a não escriturar “não conformidades” no diário de bordo da aeronave. Eles sequer tinham acesso às cadernetas de motor, célula e hélice.

Além disso, conforme o documento, equipamentos que não eram considerados essenciais para o despacho da aeronave não costumavam sofrer nenhum tipo de manutenção pela empresa.

Os pilotos faziam anotações apenas em um livro de discrepâncias criado pela própria empresa, evitando, assim, a indisponibilidade das aeronaves para o voo. O relatório ainda aponta que quando um piloto se negava a realizar um voo, a empresa o substituía, temporariamente, por um piloto sem vínculo empregatício.

“A segurança dos pilotos e da tripulação é de interesse da empresa, jamais adotaria uma prática semelhante”, disse o advogado da empresa.

Fonte - TV Morena

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