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10/10/2018 às 15:04, Atualizado em 10/10/2018 às 14:25

Acusado de atear fogo em mulher é condenado a dez anos de prisão e indenização de R$ 10 mil

Na sentença, dada pela Juíza Ellen Priscile Xandu Kaster Franco, foi reconhecida a materialidade e a autoria do delito.

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Divulgação

O homem de 39 anos, acusado de atear fogo em uma mulher de 28, foi julgado e condenado na segunda-feira (8/10), a dez anos de prisão mais o pagamento indenizatório de R$ 10 mil, por danos morais. Segundo o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, a vítima teve sequelas graves provocadas pelas queimaduras.

Na acusação foi pedida a condenação do réu pelo crime de tentativa de homicídio doloso qualificado, pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.

Durante o julgamento, conforme matéria do MPMS, o autor se demostrou frio e não arrependido.

“Ele, de fato, não se arrependeu de estar preso ou pelo que fez. Ele se arrepende tão-somente de não ter mais a vítima sob seu jugo”, afirmou o promotor de Justiça, George Zarour Cezar.

Na sentença, dada pela Juíza Ellen Priscile Xandu Kaster Franco, foi reconhecida a materialidade e a autoria do delito, bem como as qualificadoras, e o réu foi condenado por homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio na forma tentada.

As penas pelos crimes somariam 16 anos de prisão, levando em consideração os antecedentes do acusado e a confissão, que reduziu em um ano da pena. Como o crime foi julgado na forma tentada, incidindo a causa de diminuição de pena da tentativa, seis anos foram reduzidos da pena provisória e a pena final fora fixada em dez anos e oito meses de prisão no regime fechado.

Julgamento

No depoimento prestado em juízo durante a audiência de instrução e julgamento, ocorrido no dia 23/04/2018, reproduzido durante o julgamento, a vítima contou detalhes da relação com o suspeito e daquele dia 10 de dezembro de 2017.

“Eu já estava cochilando quando senti um líquido escorrendo pelo meu corpo. Acordei. Era gasolina. Ele riscou o fósforo. Levantei e fui pra cima dele. Ele tentou apagar o fogo para não se queimar. Ai, eu tentei correr para pedir ajuda. Ele me segurou. Falei: olha meu braço. Está derretendo! Se você me ama deixa eu correr. Ele não queria deixar com medo da polícia. Jurei que não ia denunciá-lo. Ele só falava: olha o que você me fez fazer”.

A mulher foi socorrida pelos vizinhos que ouviram os gritos, o acusado fugiu e se apresentou à Polícia Civil dois dias depois.

Ainda segundo o portal, a vítima afirmou que a briga começou porque ela não quis manter relação sexual com ele. Os dois estavam em casa consumindo bebida alcoólica e usando droga. Ela queria sair. Ele não.

Os dois estavam há dois dias sem dormir. Ele, então, a esperou cochilar para jogar gasolina e atear fogo no corpo dela.

Foram 57 dias internada na Santa Casa, três cirurgias e muitas outras previstas em um tratamento mínimo de três anos. Ela ainda perdeu o movimento do braço direito e não pode se expor ao sol. Na época, os dois viviam há cerca de dois anos juntos.

“Ele sempre me agrediu. Já tinha tentado quebrar meu pescoço e jogar uma geladeira em cima de mim. Não me deixava trabalhar nem usar minhas roupas porque eram justas”, informou.

Após ouvir a ex-mulher, o acusado contou que cometeu o crime em meio a um “surto”, pois estava “bêbado e drogado”.

"Só lembro que peguei a gasolina e joguei. Assustei quando vi o fogo e apaguei as chamas. Ela saiu correndo e pediu socorro. Eu fugi. Me escondi assustado. Me arrependo muito. Era feliz com ela. A culpa foi minha. Não foi dela. Mas estávamos discutindo e eu surtei", relatou.

Fonte - MP

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