Publicado em 19/04/2025 às 15:01, Atualizado em 19/04/2025 às 11:48
Segundo relatos da imprensa local, as vítimas fatais seriam dois irmãos: um jovem de 17 anos e uma mulher de 19
Um atentado a bomba deixou dois mortos e ao menos 24 feridos na noite dessa quinta-feira (17) em La Plata, no departamento de Huíla, sul da Colômbia. O ataque ocorreu em frente à delegacia local, em meio às celebrações da Semana Santa, e gerou pânico entre fiéis que deixavam a igreja para os rituais religiosos da Quinta-feira Santa.
De acordo com o comandante da Polícia de Huíla, coronel Carlos Sierra, o explosivo foi colocado em uma motocicleta estacionada próxima a um hotel e à sede da polícia. A explosão provocou um incêndio e uma densa coluna de fumaça no centro da cidade.
Segundo relatos da imprensa local, as vítimas fatais seriam dois irmãos: um jovem de 17 anos e uma mulher de 19, que estavam passando pelo local no momento da explosão. A polícia, no entanto, ainda não confirmou oficialmente as identidades.
Ataques coordenados e tensão crescente
Esse não foi o único ato de violência registrado no dia. Na manhã da mesma quinta-feira, outro atentado com características semelhantes deixou uma mulher morta e vários feridos na localidade de Mondomo, no departamento de Cauca, também no sul colombiano.
Embora a autoria do ataque em La Plata ainda não tenha sido oficialmente atribuída, as autoridades suspeitam de dissidentes da extinta guerrilha das FARC, que atuam na região. O ministro da Defesa da Colômbia, Pedro Sánchez Suárez, foi categórico ao responsabilizar essas facções pelos atos terroristas:
“As ações dos dissidentes das FARC mostram que a sua essência é o tráfico de droga e o terrorismo. Estes dissidentes disseram ‘NÃO’ à paz em 2016 e continuam a confirmar sua recusa quando assassinam mulheres, recrutam menores e aterrorizam a população”, declarou nas redes sociais.
A série de ataques ocorre no mesmo dia em que o governo colombiano anunciou que não irá renovar o cessar-fogo bilateral com o grupo dissidente Estado Mayor de los Bloques (EMB), uma das principais facções que não aderiram ao acordo de paz de 2016. O pacto, que estava em vigor há 18 meses, expirou na última terça-feira (15) e não será renovado, conforme comunicado enviado pelo governo às delegações de paz.
Reações e condenações
A explosão em La Plata gerou forte comoção nacional e repúdio de autoridades. O governador de Huíla, Rodrigo Villalba Mosquera, classificou o ato como “covarde” e expressou solidariedade às famílias das vítimas.
“Condeno o covarde atentado terrorista em La Plata. Minha solidariedade com as famílias afetadas, com o povo de La Plata – gente boa e trabalhadora – e com nossa polícia”, escreveu.
Parlamentares de diferentes partidos também se manifestaram. A senadora María Fernanda Cabal, do Centro Democrático, criticou duramente a política de segurança do governo:
“O que aconteceu em La Plata é um novo ato de barbárie, que reflete o fracasso absoluto do governo na sua política de segurança.”
Já a deputada Luz Pastrana, natural da região, lamentou o clima de impunidade: “Esses criminosos sentem que podem agir livremente, e a população é quem paga o preço.”
Clima de incerteza
A explosão em La Plata acirra ainda mais o clima de tensão em regiões onde o controle do Estado é fragilizado pela presença de grupos armados ilegais. Com o fim do cessar-fogo, especialistas temem que a Colômbia enfrente uma nova onda de violência semelhante aos períodos anteriores ao acordo de paz.