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14/09/2016 às 10:05, Atualizado em 14/09/2016 às 10:15

Troca-troca de comando na Capital deixa escolas sem educação de qualidade

Das 91 unidades municipais, mais da metade teve nota abaixo da média

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Foto - Agência Brasil

O período conturbado da política em Campo Grande, com troca de comando no Executivo, a instabilidade no controle da Secretaria de Educação, com a posse de cinco secretários em dois anos, e uma greve de professores ano passado que durou nove meses impactaram negativamente mais da metade das escolas da rede municipal.

Estatística divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicou que 48 escolas ficaram com índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) abaixo da média nacional, de 5,5. No total, a rede tem 91 unidades.

Esses números são referentes à avaliação de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental (4ª série ou 5º ano).

O supervisor de políticas educacionais da Secretaria Municipal de Educação, Ricardo Leite de Albuquerque, confirmou que mudanças na gestão do município influenciaram nos resultados das escolas.

“Nós tivemos cinco secretários de educação em dois anos. Quando se muda a estrutura de poder, você muda também as políticas. Isso produz uma incerteza na escola”, pontuou.

Com 43 anos de experiência em educação, ele esclareceu que os problemas na rede já estão identificados e precisam ser trabalhados. O supervisor destacou que a continuidade política está ligada a um desenvolvimento do índice.

“Precisamos melhorar o aprendizado de português e matemática. Dentro da matemática, a questão da resolução de problemas, do raciocínio lógico, o algorítimo. Precisamos desenvolver melhor no aluno o texto, para ele saber fazer um pequeno texto que tenha sentido, tenha ideia”, indicou Albuquerque.

O supervisor reconheceu que os desafios são grandes. “A distância para melhorarmos esses pontos é a mesma que nos separa de ser um país civilizado, politicamente desenvolvido. A educação está atrelada ao contexto sócio-econômico. A distância em melhorar a educação é a mesma distância para melhorar a vida material das pessoas, dos alunos e dos professores”, opinou.

O especialista ainda confirmou que uma mudança no ensino é trabalho a longo prazo. A política do setor deve ter planejamento para, no mínimo, quatro anos. Ele acrescentou que os resultados de uma gestão eficiente só deve aparecer em oito a 10 anos. "É uma mudança cultural, de paradigma.”

CONTRAPONTO

Os dados revelados pelo Ideb do ensino fundamental anos iniciais (4ª série ou 5º ano) demonstraram também que alunos de 43 escolas municipais obtiveram notas dentro da média nacional ou até mesmo bem superiores.

A melhor unidade de ensino da rede municipal foi a Escola Geraldo Castelo, que fica na região central de Campo Grande, na Rua Padre João Crippa, na Vila Castelo. A nota conquistada foi 6.9, contra a média nacional de 5.5.

A Escola Municipal José Rodrigues Benfica, também em área central, na Rua dos Barbosas, bairro Amambaí, ficou logo atrás, com 6.8.

No bairro nobre Jardim dos Estados, na Rua Goiás, fica a terceira melhor escola municipal, a Professor Luís Antônio de Sá Carvalho, também com nota no Ideb de 6.8.

"Temos que pensar a rede como ela é. Não devemos ficar no nível esperado, que é baixo. O nível geral brasileiro é baixo, lamentavelmente. Temos nichos de qualidade dentro da rede que queremos aproveitar as experiências e disseminar”, disse o supervisor de políticas educacionais de Campo Grande, Ricardo Leite de Albuquerque.

Segundo ele, apesar do ranking feito pelo Inep, a Secretaria Municipal de Educação não utiliza os dados como forma de comparação.

“Não trabalhamos com ranqueamento. Pegamos o resultado da escola e tentamos trabalhar para corrigir. Na rede pública precisamos de qualidade e não de rivalidade”, afirmou.

Fonte - Correio do Estado

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