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03/04/2020 às 15:04, Atualizado em 03/04/2020 às 13:58

Sobrevivência de 57% das empresas de MS vai depender de empréstimos

Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que o faturamento de 89% dos empresários diminuiu.

O equilíbrio financeiro e a sobrevivência de muitas empresas em Mato Grosso do Sul estão ameaçados com os efeitos da crise causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que 57% dessas empresas só sobreviverão com empréstimos para conseguir manter o negócio e não demitir funcionários.

O levantamento divulgado nesta quinta-feira (2) aponta ainda que, caso as restrições sejam mantidas, para 38% das empresas o tempo de sobrevivência é de 1 mês; para 28%, de 2 a 3 meses; para 17%, de 3 a 6 meses; e o restante, 17%, não sabe ou não quis responder.

A solução encontrada por 57% dos empresários sul-mato-grossenses para contornar a situação é recorrer a empréstimo para poder continuar operando sem demitir. De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, essa é a realidade do comércio. “Temos empresas pertencentes ao microempreendedor individual, e essas são empresas bastante complexas, porque muitas vezes nasceram como alternativa de renda e não possuem uma sobrevivência de longo prazo. A gente já imaginava que fossem necessários os empréstimos, mas os empresários precisam ver as taxas de juros mais atrativas ou que têm o menor custo”, explicou.

O estudo aponta ainda que o faturamento mensal diminuiu para 89% dos empresários do Estado, e para mais de metade deles a queda foi maior que 50%. E, apesar da queda no faturamento, as principais despesas da empresa permaneceram as mesmas, o que afeta os resultados. Para 40% dos empresários, não houve mudanças no custo com matérias-primas; para 66%, o custo com pessoal permaneceu igual; e para 80% o custo com aluguel não sofreu alteração.

“Essa questão do peso dos custos a gente ainda percebe que há algumas possibilidades de renegociação com a própria parte dos aluguéis, há essa necessidade de que os locadores de imóveis sejam mais flexíveis. Este é o momento em que, infelizmente, todos terão perdas, seja no quesito renda, seja tentando ajudar o outro. O empresário vai ter de tentar negociar também com fornecedor, essas são algumas alternativas para tentar reduzir os custos”, contextualizou Daniela.

Segundo o diretor-superintendente do Sebrae/MS, Claudio Mendonça, são necessárias medidas para apoiar os pequenos negócios neste momento. “As micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos formais. O Sebrae tem orientado e realizado ações para apoiar os empresários, porém, a situação exige o comprometimento de todos os agentes públicos para que os negócios não fechem”, disse.

ESTRATÉGIAS

Os especialistas recomendam que os empresários adotem estratégias, independentemente da reabertura de lojas, que começa a ocorrer na segunda-feira (6). “Por exemplo, canais de comercialização, como vendas on-line; entregas, para que o cliente não precise se deslocar até a empresa; e a realização de vendas antecipadas com vouchers, para consumo posterior. É o momento de negociar com os fornecedores e estar atento ao estoque. Precisamos da solidariedade de todos”, afirmou o superintendente do Sebrae.

A economista reforça que a adoção de entregas e vendas por mídias sociais pode minimizar o impacto financeiro para esses empresários.

“A gente precisa de medidas emergenciais e rápidas. A entrega de produtos em casa é um tipo de estratégia que precisa ser fortalecido neste momento. Porque, mesmo que a gente tenha a reabertura do comércio, nada garante que as vendas alcançarão o mesmo patamar de antes, porque a população está com muito medo. Se de repente vou precisar de um empréstimo e eu estou conseguindo abater um pouco dos gastos com minhas vendas a distância, 10% que eu vendo já vai me ajudar, porque são 10% a menos que vou precisar pegar emprestado”, ressaltou Daniela Dias.

Perfil dos levantamentos

Levantamento foi realizado pelo Sebrae em todo o território brasileiro, entre os dias 19 e 23 de março de 2020, com grau de confiança de 95% e erro de 1%. No Brasil, foram 9.105 respondentes, já em Mato Grosso do Sul foram ouvidas 113 empresas.

Com informações do Correio do Estado

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