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17/12/2020 às 15:30, Atualizado em 17/12/2020 às 12:00

Resgatados de trabalho escravo em fazenda, indígenas ganham lar e amor em Cassilândia

Mulher que os acolheu disse que eles caçavam para comer carne e usaram xampu pela primeira vez na vida

Indígenas da região sul de Mato Grosso do Sul abandonaram o trabalho em condições análogas à escravidão no interior de Goiás e foram acolhidos por moradores de Cassilândia. Uma denunciante disse que, para comer, era preciso caçar animais na floresta.

Conforme o relato da família que recebeu as vítimas, os guarani-kaiowá Eslaudecir Tora, 27 anos, e Elaine Arce, 17 anos, saíram de aldeias em Coronel Sapucaia e Paranhos, e foram trabalhar na fazenda de uma mulher, que inclusive teria sido candidata à vereadora em Aporé.

No entanto, ao contrário do prometido, a realidade se mostrou cruel e era preciso caçar para comer carne. A moradia do casal, que tem um bebê de um ano e quatro meses e outro de quatro meses, era de improviso e os nativos levaram calote da empregadora.

‘’Para comer carne, tinham de caçar tatu ou seriema para comer’’, detalhou a denunciante. Já Eslaucedir disse: ''No serviço a patroa me apertava demais. Não tinha arroz, feijão, passamos fome'', disse o indígena que se comunica com dificuldades em português.

‘’Eles pediram ajuda, mas ninguém naquele município os amparou. A mulher ainda os intimidava’’, diz a moradora que, junto com o esposo, um amigo e outro casal, conseguiu atender as necessidades mais básicas da família. Ela destacou que, logo depois, o serviço social da cidade alugou uma casa para os índios e o SUS também promoveu assistência.

Por envolver indígenas, o Ministério Público Federal já foi acionado e também houve denúncias no Ministério do Trabalho a fim de fazer o acerto correto com os trabalhadores.

‘’Desse ano [2020] só foi pago o salário de março. Somente mil reais’’, lamentou a cassilandense.

Ainda segundo a família acolhedora, os nativos não querem voltar para as aldeias e estão procurando trabalho em Cassilândia.

A suposta contratante não atendeu os telefonemas feitos, segundo a denunciante. O espaço está aberto para manifestações dela.

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