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03/10/2020 às 08:00, Atualizado em 02/10/2020 às 20:46

Redução do nível do rio Paraguai paralisa transporte de carga em hidrovia de Mato Grosso do Sul

Em Porto Murtinho, embarques de soja não ocorrem há quase 50 dias e em Corumbá, escoamento de minério de ferro também foi suspenso.

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Na região de Porto Murtinho, afluentes do rio Paraguai, como rio Amonguijá está sendo tomados por imensos bancos de areia — Foto: Toninho Ruiz/Arquivo Pessoal

A redução do nível do rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul, por conta da pior seca no Pantanal em 50 anos, está paralisando o transporte de cargas pela hidrovia. Em Porto Murtinho, no sudoeste do estado, terminal de escoamento de grãos não faz embarques há quase 50 dias.

Na cidade, o terminal administrado pela Agência Portuária de Porto Murtinho (APPM) não escoa nenhuma carga desde 14 de agosto.

Segundo a APPM, o principal produto escoado pelo terminal é a soja. A commoditie produzida no estado seguia pela hidrovia do Paraguai até a Argentina, onde era processada.

A previsão para 2020 era de que o terminal escoasse cerca de 600 mil toneladas de soja, mas com a interrupção dos serviços, o volume chegou a 31,3% do total, o equivalente a 188 mil toneladas.

De acordo com a APPM, neste ano o porto teve condições de operar por apenas sete meses, entre março e agosto, por falta de navegabilidade para os comboios de chatas que transportam os produtos.

Conforma a agência, quando a situação começou a se agravar, a alternativa encontrada para continuar com o transporte foi a de reduzir o volume de cargas nas chatas.

Barcaças que levavam normalmente 1.800 toneladas de grãos, passaram a transportar somente 80% da capacidade. Quando esse percentual teve de ser reduzido para 50%, a viabilidade econômica da operação foi comprometida e o serviço paralisado.

Nesta quinta-feira, o nível do leito em Porto Murtinho, de acordo com a APPM, marcava na régua de medição do município, 1,29 metros, 2,25 metros abaixo do nível normal para este período.

A agência projeta que sem um bom volume de chuvas para recuperar o nível normal do leito do rio nos próximos meses, que a operação no próximo ano possa começar ainda mais tarde do que em 2020, sendo iniciada somente em abril ou maio de 2021.

Corumbá e Ladário

Em outro ponto do rio Paraguai, mais ao norte de Porto Murtinho, entre as cidades de Corumbá e Ladário, os bancos de areia formam pequenas ilhas do meio do curso de água. Veja abaixo reportagem do Bom Dia MS falando sobre a situação.

O nível do rio está tão baixo que nesta semana ultrapassou a marca de zero pela régua de medição instalada no porto de Ladário. A última vez que isso ocorreu foi em 1973. Na mesma data do ano passado, era 2,34 metros no mesmo local.

Com o nível tão baixo a navegação se tornou um risco. As barcaças usadas para escoar a produção de minério de ferro estão paradas na margem. Por conta disso, o porto usado para embarcar o produto ficou sem movimento.

Sem condições de usar a hidrovia, algumas empresas estão adotando uma alternativa logística bem mais cara, a do transporte rodoviário.

Se pela hidrovia, em condições normais, haveria condições de levar até 200 mil toneladas de minério de ferro ao mês até os portos da Argentina e do Uruguai, por rodovia para levar o produto até os portos brasileiros essa capacidade cai consideravelmente.

“Para eu conseguir atingir não mais que 30 mil toneladas por mês nós temos que usar 170 caminhões fazendo o transporte e mesmo assim eu não consigo fazer a entrega de todo o volume já contratado”, diz o presidente da mineradora Vetorial, Luiz Nagata.

Os pesquisadores explicam que a situação do rio Paraguai é reflexo da pior seca dos últimos 50 anos no Pantanal.

Para o nível do começa a subir é preciso muita chuva nas nascentes e cabeceiras, que ficam no estado de Mato Grosso, o que não vem ocorrendo.

A Embrapa Pantanal acompanha a situação e a previsão para chuvas mais volumosas é somente para dezembro.

A ferrovia que liga Mato Grosso do Sul a São Paulo, a Rumo Malha Oeste, seria uma alternativa, mas está sem condições de uso. “Seria uma alternativa, mas não pode ser utilizada devido ao seu sucateamento e devido à impossibilidade dela operar com o transporte de minério de ferro neste momento. Mas, estamos trabalhando fortemente junto ao governo federal para que seja relicitado e os investimentos retomados, de modo a tornar uma ferrovia que seja utilizado para exportação de minério”, diz o secretário estadual de Meio Ambiente, Produção e Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck.

Sem uma alternativa barata para escoar a produção, o jeito tem sido renegociar contratos. O atraso na entrega do minério de ferro, por exemplo, pode chegar a três meses.

Em nota a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) disse que está analisando o pedido de relicitação da ferrovia Rumo Malha Oeste.

Com informações do G 1 MS

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