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16/10/2019 às 15:31, Atualizado em 16/10/2019 às 13:33

Projeto da Agepen ajuda presos pela Lei Maria da Penha a superarem condutas violentas

O objetivo do projeto é reduzir os níveis de reincidência nos casos de violência doméstica e familiar.

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Foto - Reprodução Governo do MS

Com o nome de “Por Respeito à Igualdade” um trabalho de reflexão e caráter preventivo vem sendo desenvolvido no Centro de Triagem Anízio Lima com agressores enquadrados na Lei Maria da Penha com o objetivo de reduzir os níveis de reincidência nos casos de violência doméstica e familiar.

De acordo com informações do Governo MS, o projeto foi idealizado pelo agente penitenciário e psicólogo Kenzo Corrêa Mochizuke e é coordenada pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária e da Divisão de Promoção Social.

Os presos pela Lei Maria da Penha correspondem atualmente a 19,5% do total da massa carcerária do Anízio Lima. O local abriga grande parte dos custodiados por esse crime, provenientes da capital e região, em regime fechado.

Duas celas são destinadas especificamente a eles, uma de inclusão, onde permanecem durante os primeiros 30 dias e outra para o restante do cumprimento da pena imposta. O trabalho se baseia na metodologia do grupo “Dialogando Igualdades”, dirigido pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar em MS, com homens agressores encaminhados judicialmente.

A iniciativa, que começou há um mês, é dividida em dez encontros semanais, que prosseguem até novembro, com dinâmicas de grupo, vídeos explicativos e de reflexão, rodas de conversa abertas e semi-dirigidas, palestras e materiais pertinentes. Dentre as temáticas trabalhadas no projeto, estão família, infância e juventude, resiliência tolerância a frustração. O grupo não tem caráter terapêutico, mas sim “reflexivo” e é aberto a novos integrantes no decorrer no processo.

“A proposta é internalizar hábitos de comportamentos assertivos, por meio de reflexões e trocas de experiências; a ideia é priorizar como resultado um melhor convívio no seio familiar e social, e, consequentemente, alcançar o declínio da reincidência em crimes desta natureza”, esclarece Kenzo.

O custodiado M.X de C., 59 anos, é um dos 20 participantes do projeto e garante que tem sido uma experiência muito positiva. Ele conta que, durante uma discussão, movido por bebida, falta de controle emocional e ciúme, acabou agredindo a esposa. “Essa participação no grupo está sendo muito importante para refletir como eu devo tratar minha família, sei que será diferente quando eu retornar”, afirma.

Experiência

Segundo o responsável, esse primeiro ano da iniciativa tem “caráter experimental” e intuito de desenvolver “a concretização de um projeto mais estruturado a partir do que é vivenciado através de fenômenos grupais”. Ele explica que a cada encontro é realizado o registro de levantamento das necessidades apontadas, bem como a elaboração das soluções pertinentes a cada problema.

A intenção é que esteja formatado, com adequações necessárias, até setembro do ano que vem. Além disso, Kenzo ressalta que, passado os 10 encontros para este primeiro grupo, será realizado posteriormente o levantamento da reincidência dos integrantes que participaram, bem como a comparação com anos anteriores ao trabalho.

“Irei analisar, a partir de dados estatísticos e percentual de resultados positivos decorrentes da realização do projeto”, finaliza. Para a chefe da Divisão de Promoção Social da Agepen, Marinês Savoia, a inciativa objetiva ressignificar a visão de mundo, de homem e relacionamento afetivo dos custodiados, tendo como consequência o comportamento assertivo.

“Através deste projeto piloto, conseguiremos vivenciar e adaptar da melhor forma, para assim, expandirmos para as demais unidades penais. O segundo grupo será iniciado na nossa Unidade Mista de Monitoramento Virtual Estadual (UMMVE), através das técnicas da área de Assistência e Perícia”, informou.

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