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18/12/2017 às 13:26, Atualizado em 18/12/2017 às 09:28

Por que a venda de armas no mundo cresceu pela primeira vez em 5 anos

Brasil é único país latino-americano na lista.

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Reprodução site Terra

Pela primeira vez em cinco anos, as vendas das 100 principais empresas de armamento do mundo aumentaram.​

Juntas, elas venderam quase US$ 375 bilhões em 2016, pouco mais de US$ 1 bilhão por dia - um crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior.

O Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) publicou nesta semana sua avaliação anual do mercado global de armamentos.

De acordo com o relatório, os principais fabricantes estão vendendo 38% mais armas que em 2002, quando a organização começou a mapear esses dados.

Tudo isso em meio ao quinto ano com mais mortes desde o fim da Guerra Fria, segundo o Instituto de Investigação para a Paz de Oslo (Prio, na sigla em inglês).

"O crescimento na venda de armas era esperado e foi impulsionado pela implementação de novos programas importantes de armamentos, por operações militares em curso em diversos países e por tensões regionais persistentes. Tudo isso leva a uma demanda maior", diz o relatório.

"O gasto militar está muito relacionado com os conflitos e com as preocupações dos países", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Aude Fleaurant, diretora do Programa de Armas e Gastos Militares do Sipri.

"E alguns países têm frotas muito antigas e precisam modernizá-las. Esse dinheiro geralmente vai para os fabricantes de armas dos próprios países, quando há algum."

Domínio ocidental

De acordo com o relatório, as empresas norte-americanas ocupam sete dos primeiros dez lugares da lista e cresceram 4% no ano passado impulsionadas pelas "operações militares fora do país, assim como pelas aquisições de grandes sistemas armamentistas americanos por outros países".

As companhias dos Estados Unidos representaram 57,9% das vendas no mundo.

As fabricantes da Europa ocidental, por sua vez, se mantiveram estáveis (aumento de 0,2% em relação a 2015), mas houve diferenças entre os principais produtores: apenas as empresas britânicas e alemãs cresceram, enquanto as francesas, italianas e transeuropeias - cujas sedes estão em mais de um país da União Europeia - apresentaram retração nas vendas.

Já as empresas russas aumentaram suas vendas em 3,8%, percentual menor que nos anos anteriores.

De acordo com Siemon Weseman, pesquisador do Sipri, a crise econômica pela qual a Rússia passou em 2016 contribuiu com a diminuição da taxa de crescimento da venda de armamentos das empresas russas.

O efeito norte-coreano

O crescimento das vendas de empresas sul-coreanas foi um dos destaques do relatório. Segundo Fleaurant, elas venderam 20,6% mais por causa da "continuidade e do aumento da percepção de ameaça" causados pelas tensões com a Coreia do Norte.

A pesquisadora do Sipri também ressalta que o desenvolvimento em curso no país desde os anos 1970 optou por impulsionar a indústria armamentista local para reduzir a dependência externa e, ao mesmo tempo, posicioná-lo como um exportador de armas de peso.

O crescimento da Coreia do Sul puxou o aumento de vendas dos "fabricantes emergentes", que incluem empresas com sede no Brasil, na Coreia do Sul, na Índia e na Turquia, chegando a 12,3%.

O Brasil, aliás, é o único país da América Latina com uma empresa entre as 100 que mais vendem armas. A Embraer registrou 15% de suas vendas no setor militar.

A companhia vendeu US$ 930 milhões em armas no ano passado, superando os US$ 839 de 2015 - o que a fez saltar da 91ª para a 81ª posição na lista.

De acordo com Fleaurant, o estudo não inclui dados da China "por falta de informação consistente que possa ser comparada com a de outros países".

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