Publicado em 08/08/2016 às 20:00, Atualizado em 08/08/2016 às 21:35

Plantar de 4 a 5 tipos de soja e cada um no momento certo

Pesquisadores orientam agricultor quanto à melhor forma de plantio

Redação,
Cb image default

Agricultor precisa estar muito atento

Foto - reprodução

Trabalhar com 4 a 5 variedades de sementes de soja diferentes e plantar cada uma dessas variedades, menos precoce, mais precoce ou superprecoce, na hora certa, para evitar riscos e, consequentemente, prejuízos financeiros. Este é o alerta feito pelo pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste, para os agricultores de Mato Grosso do Sul que pensam e preparam o plantio da próxima safra de verão no Estado.

“Os produtores, quase a totalidade, já compraram as sementes e demais insumos para o plantio da safra de soja 2016/2017. E partindo da premissa de que eles estão nesse pensamento, agora, o que é muito importante saber é com qual variedade vai abrir o plantio, com qual vai fechar”, destaca o pesquisador.

Conforme explica, normalmente os primeiros plantios ocorrem da segunda quinzena de setembro ao início de outubro. Nesses casos, afirma Arroyo, o recomendável são as variedades de ciclo semiprecoce ou ciclo médio. “E conforme avança outubro, do meio para o fim do mês, o ideal é que os agricultores trabalhem com materiais mais precoces e superprecoces. As variedades de ciclo médio também atingem boa produtividade, no entanto, poderão atrasar a colheita e, consequentemente, o plantio do milho safrinha”, esclarece o pesquisador. E para aqueles que forem plantar em novembro, o indicado são os materiais precoces. “O fundamental é que o produtor faça uma boa diversificação de variedades, pois, assim, estará diminuindo os riscos de perdas. Concentrar só em uma variedade não é indicado, o risco é grande”, explica.

PRESSA PARA PLANTAR

A tendência entre os agricultores é querer plantar logo que se encerre o período do vazio sanitário, ou seja, a partir de 15 de setembro. A pesquisa destaca, no entanto, que os produtores devem prestar muita atenção em alguns aspectos importantes, como, por exemplo, as condições de umidade do solo. Levando-se em consideração o momento atual, por exemplo, quando a colheita da safrinha se desenvolve, o clima está muito seco, com reflexos inegáveis no solo. Não chove há algum tempo e existe um agravante importante: os dias têm sido de baixíssimos índices de umidade relativa do ar, menores que 20%. Logicamente que esse fator também se reflete no grau de umidade do solo. Por isso, o agricultor deve prestar muita atenção e só promover o início do plantio depois do registro de chuvas mais intensas, capazes de recuperar bem o índice de umidade dos solos destinados à agricultura.

Plantar em um solo pouco úmido, com o risco de ocorrer poucas chuvas pós-plantio, faz com que o agricultor fique ameaçado de perder o que plantou. “E levando-se em consideração os preços das variedades de sementes, a obrigatoriedade de um replantio poderá comprometer bastante o sistema produtivo, com o alto custo de produção.

DISTRIBUIR BEM O PLANTIO

No planejamento da safra, os agricultores devem ter esses cuidados importantes, como é o caso da medição da umidade do solo. E depois que constatar um bom índice de umidade e a viabilidade do plantio, promover o cultivo certo da variedade de semente para o momento certo, mais cedo ou mais tarde.

CLIMA E CHUVA

Se o tipo de semente e o momento de colocá-la no solo são muito importantes, é fundamental que essa semente tenha as melhores condições de umidade e clima para se desenvolver. Por isso, o regime de chuvas de outubro até fevereiro ou março vai ser fator marcante.

Da Embrapa Agropecuária Oeste, o pesquisador Carlos Ricardo Fietz falou ao Correio Rural sobre as condições de clima e umidade ideais para que o agricultor comece a plantar a safra de soja. Enfatizou que o zoneamento agroecológico recomenda o início do plantio em 1º de outubro, muito embora muitos produtores reivindiquem mudanças nesse período. O pleito é que seja permitida a semeadura já a partir de 21 de setembro.

Para o pesquisador Fietz, no entanto, o importante é o agricultor ter consciência de que ele não pode “plantar no pó”, ou seja, quando as condições de umidade do solo não são ideais. “O risco é igual se o plantio for em 20 de setembro ou 1º de outubro, mas desde que tenham ocorridas chuvas antes e o solo esteja com as condições de umidade ideal”, analisou o pesquisador. Quanto à possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, que deixa mais provável a ocorrência de períodos de seca, os últimos boletins de institutos da Europa e dos Estados Unidos, para os próximos três meses, dizem que ela é menor hoje do que há alguns meses. Isso é bom para a agricultura, logicamente. Hoje, segundo informou Ricardo Fietz, a situação é de neutralidade, ou seja, nem de El Niño nem La Niña. O primeiro fenômeno é de aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que normalmente provoca mais chuvas nos meses subsequentes. O La Niña é um fenômeno que provoca o resfriamento das águas do Oceano Pacífico e, como consequência, traz a redução das chuvas e os períodos de seca que prejudicam a agricultura. Então, é favorável que as condições se mantenha na neutralidade e se confirme a tendência de não ocorrência do La Niña este ano.

IRRIGAÇÃO

A tecnologia da irrigação é uma saída eficiente para regiões como Mato Grosso do Sul, especialmente no sul do Estado, onde a ocorrência de veranicos (períodos mais prolongados de estiagem) são constantes.

“A irrigação é tecnicamente viável e recomendada para o sul de MS”, afirma Fietz. Muito embora, economicamente, possa não ser. Segundo Fietz, a irrigação é a última das tecnologias a ser implantada pelos agricultores, que devem, primeiramente, adotar todas as demais tecnologias existentes e que asseguram mais produtividade e rendimento às lavouras. Em médio e longo prazo, no entanto, o pesquisador acredita que a irrigação vá crescer em áreas na agricultura sul-mato-grossense, até pela garantia que dá ao produtor, acabando com os riscos de perdas por conta da falta de chuvas.

Fonte - Correio do Estado