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11/05/2020 às 14:32, Atualizado em 11/05/2020 às 17:05

Pesquisa aponta 82 mil demissões nesta pandemia

Levantamento foi feito pela Fecomércio, em setor que empregava 500 mil pessoas

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Procura por seguro-desemprego tem sido alta - Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

Levantamento do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS) aponta que 38% das empresas sul-mato-grossenses precisaram demitir durante a pandemia pelo menos 2,3 funcionários. Considerando os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), no Estado o número de demissões passaria de 82 mil.

Dados da Rais apontam que os setores de comércio e serviços empregam cerca de 400 mil pessoas no Estado e mais de 100 mil em Campo Grande. Considerando a média estimada de demissões, o setor já teria dispensado mais de 18 mil na Capital.

Os números podem ser menores, de acordo com a economista do IPF-MS, é preciso considerar que as reposições no estoque de empregos estão acontecendo. “Ao mesmo tempo em que houve demissão, houve algumas contratações nos segmentos de supermercados e similares, nutrição e saúde e mais recentemente a Prefeitura abriu vagas para call center, de modo atender a população”, frisou.

A pesquisa do IPF-MS aponta que entre os 38% que precisaram demitir, a queda do faturamento foi de em média 50%. Os setores que tiveram mais impactos negativos sobre o faturamento foram hotéis, eventos, restaurantes e similares, cujas variações ultrapassaram 50%; os menores impactos ocorreram sobre o segmento de nutrição e saúde, bem como nos supermercados e similares, que tiveram alguns aumentos pontuais entre 10% e 50%.

Para os próximos três meses, a maioria dos empresários pretende manter o quadro de funcionários atual (67%) e mais da metade não realizou alterações na equipe de colaboradores durante este período (56%), o que reforça a preocupação em não demitir. “Quando houver um resgate da confiança das pessoas provavelmente essas demissões perderão a força e se dará um processo mais intenso de recuperação econômica”, reforça Daniela.

O estudo aponta que várias estratégias são realizadas pelos empresários para manter a equipe, como a concessão de férias, suspensão temporária de contratos, home office, dispensa temporária dos trabalhadores com pagamento integral ou parcial do salário, revezamento de horário, alteração de carga horária, entre outros.

RECUPERAÇÃO

Na pesquisa, os empreendedores também indicaram os mecanismos que poderiam amenizar os resultados negativos com as vendas. Entre eles, estão acesso a crédito (18%), fim da quarentena e reabertura do comércio (12%), auxílio e suporte do governo e prefeitura (10%).

Com o objetivo de mitigar as perdas, muitos empresários adotaram canais de comercialização à distância, atendimento e produtos diferenciados, adaptados às necessidades dos consumidores. A maioria (71%) realizou alterações nos canais de venda, e 54% pretende manter as alterações no pós-pandemia.

“Tivemos diversas mudanças de comportamento agora nesse período de pandemia como voltado para a questão do delivery, das compras a distância, o apelo emocional que parece que vai vir com tudo nesse pós-pandemia na parte de comemorações e reuniões familiares. O atendimento também tem que ser diferenciado por parte dos empresários. Tanto consumidores quanto empresários terão de se adaptar a essas atuais necessidades”, explicou a economista Daniela Dias.

A economista ainda reforçou que os empresários precisam ficar atentos a esse novo perfil de clientes. “Teremos a intensificação de uma tendência, já existente, voltada para essa questão do e-commerce, comércio à distância. Com isso podemos ter a criação de outras modalidades de emprego, onde o vendedor ele passa a ser mais do que vendedor, ele passa a ter também um relacionamento virtual com esse consumidor. A gente pode ter um fortalecimento disso pelos próximos três meses e muitas dessas mudanças podem ser levadas para o pós-pandemia, então o empresário vai ter de se adaptar”, contextualizou Daniela.

COMÉRCIO

As empresas de Mato Grosso do Sul já mensuram os primeiros impactos da crise, a queda nas vendas e na prestação de serviços foi de 85% para a maioria. Para 8% não houve alterações e as vendas aumentaram para 7%. Entre os segmentos, os mais atingidos foram o comércio de roupas, calçados e acessórios, com redução de 95% nas vendas, seguido por hotéis, eventos e restaurantes, com queda de 92%.

O estudo aponta ainda que em outros setores, como beleza, nutrição e saúde, 15% dos entrevistados relataram aumento nas vendas, uma perspectiva positiva.

Os dados sobre demissões foram baseados em estimativas, de acordo com os números oficiais da Rais e considerando os percentuais divulgados na pesquisa do IPF. Levantamentos oficiais sobre contratações e demissões ainda não foram divulgados pelo Ministério da Economia em 2020.

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