A Organização humanitária Fraternidade Sem Fronteiras (FSF) atua, desde 2018, ao lado do Campo de Refugiados de Dzaleka, no Malawi, na África, por meio do Projeto Nação Ubuntu. Atualmente, são pouco mais de dois mil refugiados de guerra acolhidos pela única organização brasileira não governamental na região. Mas a necessidade local é ainda maior.
“O nosso trabalho é oferecer trabalho, alimentação e educação para uma população que vive em situação de extrema vulnerabilidade no Campo de Dzaleka. São pessoas, principalmente mulheres, viúvas e mães solos que fugiram de seus países por causa da guerra, perseguições e violência. Elas dependem de ajuda para sobreviverem”, relata Wagner Moura Gomes, idealizador da FSF.
O Campo de Refugiados de Dzaleka, localizado no Malawi, é um dos 100 espalhados por diferentes regiões do mundo, especialmente no continente africano e asiático. São mais de 58 mil pessoas vivendo em uma faixa de terra cedida pelo governo local, em 1994, para que a ONU pudesse receber os sobreviventes do massacre de Ruanda. Hoje, a mesma área recebe cinco vezes mais gente do que a capacidade inicial. São refugiados da República Democrática do Congo, Burundi, Somália e Etiópia. Mulheres e crianças representam 93% da população do campo. Pela lei do país, os refugiados não podem sair do campo para trabalhar, estudar e nem circular pelo país.
A Fraternidade Sem Fronteiras está com uma uma campanha emergencial para levar alimentação aos 58 mil refugiados abrigados no campo de Dzaleka diante da situação de cortes de recursos financeiros internacionais enviados para instituições que atuam com os refugiados locais.
“A situação deve se agravar, uma vez que o recurso que é disponibilizado para os refugiados, de 5 dólares por mês, por pessoa, foi pago pela última vez este mês. Ou seja, em julho, os refugiados não receberão nenhuma ajuda financeira. Esse valor era a única coisa que os ajudava a sobreviver, que fazia com que, pelo menos, eles conseguissem ter uma refeição no dia, ou, às vezes, uma refeição a cada dois dias. Sem esse recurso e sem poder sair do campo, como essas pessoas vão sobreviver?”, questiona Clarissa Paz, coordenadora do Projeto Nação Ubuntu, da FSF, localizado ao lado do campo de Dzaleka.
Entenda a situação
Desde o início do ano, o governo norte americano anunciou uma redução significativa nos recursos destinados à USAID – Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – uma das maiores agências oficiais de ajuda humanitária do mundo e que responde por mais da metade de toda a assistência externa dos Estados Unidos. A determinação afetou diretamente programas de assistência a refugiados e outras pessoas vulneráveis pelo mundo. Os cortes atingem diretamente áreas essenciais de combate à fome, saúde e educação nas regiões mais pobres.
Para oferecer uma ajuda emergencial, a campanha Irmão ajuda Irmão da Fraternidade Sem Fronteiras pretende arrecadar recursos para repasse aos refugiados, e possível compra de terrenos para o cultivo da agricultura sustentável com o plantio de hortaliças, legumes e frutas.
“Neste momento, estamos vendo uma situação muito desafiadora e é natural que isso gere preocupação. Mas, nossa esperança e nosso trabalho permanecem firmes. Acreditamos na força da fraternidade, em que cada um possa ver o outro como seu irmão, e assim a nossa força crescer e o projeto expandir sua atuação para ajudar o maior número de pessoas possíveis”, pondera Wagner Moura Gomes, idealizador da FSF.
Como ajudar
As doações podem ser no valor de R$35, por mês, para alimentar uma pessoa por dia ou de R$250, por mês, para garantir o trabalho de uma mãe e alimentar uma família por dia.
Já as doações únicas, a partir de R$10, serão para auxílio da alimentação e na compra de terrenos próximos ao Projeto Nação Ubuntu para o cultivo de alimentos.
Conforme os recursos forem sendo recebidos, uma triagem irá dar preferência para mulheres com filhos e aqueles em situação de maior vulnerabilidade.
Para ajudar, acesse: https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/irmao
Para dar mais visibilidade à campanha, nesta sexta-feira, 20 de junho, Dia do Refugiado, a FSF irá fazer 12 horas de transmissão, ao vivo, pelo Instagram, com mais de 30 convidados e apoiadores da causa, entre eles, influenciadores digitais, refugiados acolhidos da FSF, Dj Alok, a cantora Ivete com o marido Daniel Cady, Monja Coen, Simão Pedro, Caçadores de Bons Exemplos, Evaldo José e amigos do esporte, entre outros. A live começará às 9h (horário de Brasília), pelo perfil @fraternidadesemfronteiras
Projeto Nação Ubuntu
O projeto da FSF, Nação Ubuntu, está localizado ao lado do campo de Dzaleka e foi implementado para ser um recomeço de vida para a população de refugiados diante da situação de extrema vulnerabilidade social da população. A área de 15 hectares tem três creches, escola, refeitório, hortas, oficinas de trabalho, tanques de piscicultura e galinheiro. Todo o projeto é gerenciado por refugiados que são acolhidos pela FSF. Atualmente, são 1100 trabalhadores no projeto, 934 crianças matriculadas na escola Ubuntu, 12 hectares de plantações com o emprego para 500 mães do campo , 90 mil refeições servidas por mês e 431 casas construídas.
Com informações da assessoria de imprensa FSF
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